Era 1942, e o Brasil se via diante de uma decisão histórica. O país, até então neutro na Segunda Guerra Mundial, viu seus navios mercantes serem alvo dos temíveis submarinos alemães. Foi o estopim para que o Brasil rompesse sua neutralidade e se unisse aos Aliados na luta pela liberdade.
Os Aliados, diga-se de passagem, eram uma coalizão militar composta por países que se posicionaram contra as potências do Eixo durante o conflito global, liderados pelos Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética, e também incluíram nações como França, China, Brasil, entre outras.
O Eixo, por sua vez, representava a aliança militar formada pela Alemanha (liderada por Hitler), Itália (liderada por Mussolini) e Japão, desde 1936. Esses três países eram governados por regimes totalitários e compartilhavam o objetivo de expandir seus territórios e influências .

Nascia então a Força Expedicionária Brasileira, a FEB, um exército formado por 25.834 valentes homens e mulheres. Em 1944, a FEB partiu rumo à Itália, onde escreveria uma das páginas mais heroicas da história militar brasileira. Sim, isto mesmo! Você sabia que também as mulheres desempenharam funções cruciais durante a guerra, especialmente na área de enfermagem?

Uma das figuras mais notáveis, aliás, que serviu na FEB foi a enfermeira Virgínia Maria de Niemeyer Portocarrero. Ela fez parte de um grupo de 67 jovens enfermeiras que se voluntariaram para integrar o contingente da FEB durante a Segunda Guerra Mundial. Essas enfermeiras atuaram em quatro diferentes hospitais da campanha do exército norte-americano localizados em Nápoles, Valdibura, Pisa, Pistoia e Livorno.
Chegada na Itália
Os soldados da FEB desembarcaram em terras italianas sob o caloroso acolhimento da população local, que os via como verdadeiros libertadores. Unidos às tropas americanas e outras forças aliadas, os brasileiros travaram uma luta incansável contra as forças do Eixo.
Na Campanha da Itália, os heróis brasileiros não se furtaram ao combate. Sua bravura e determinação renderam elogios por parte dos Aliados, tendo recebido homenagem até mesmo de uma banda de rock sueca, Sabaton, que se inspirou na batalha de Monte Castelo e compôs a canção “Smoking Snakes” — em português, “cobras fumantes”, nome como também são conhecidos os soldados da FEB.
A propósito, uma curiosidade: os combatentes da FEB ficaram conhecidos como “cobras fumantes” por causa do seu símbolo, uma cobra verde fumando um cachimbo. O símbolo foi criado em 1943, como uma provocação aos que diziam que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil entrar na guerra.
A FEB teve um papel crucial na derrota das forças do Eixo na região, participando de batalhas que entraram para os anais da história, como o rompimento da Linha Gótica e a decisivamente Ofensiva Aliada.
A Linha Gótica foi uma linha defensiva construída pela Alemanha nazista ao longo da fronteira entre a Itália e a França, durante a Segunda Guerra Mundial. A linha foi construída em 1943, após a queda da Itália, e era composta por uma série de fortificações, trincheiras e campos minados.
A Ofensiva Aliada, por sua vez, foi uma série de operações militares realizadas pelos Aliados na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. A ofensiva começou em 1944, com o objetivo de romper a Linha Gótica e expulsar as forças alemãs da Itália.
A Batalha de Monte Castelo
Em novembro de 1944, a Força Expedicionária Brasileira (FEB) iniciou a Batalha de Monte Castelo, uma das batalhas mais importantes da guerra.
O Monte Castelo era uma montanha estratégica que controlava a rota para Bolonha, uma importante cidade italiana. Os soldados brasileiros enfrentaram uma forte resistência das forças alemãs nazistas, que estavam bem posicionadas no topo da montanha.
A batalha foi feroz e sangrenta. Os brasileiros sofreram pesadas baixas, mas conseguiram conquistar o Monte Castelo em fevereiro de 1945.
A vitória da FEB na Batalha de Monte Castelo foi um marco importante na campanha da Itália. O Monte Castelo era uma posição chave, e sua captura abriu caminho para o avanço dos Aliados na Itália. A Batalha de Monte Castelo foi um momento decisivo na história do Brasil. Os soldados brasileiros mostraram sua bravura e determinação, e seu desempenho foi elogiado pelos aliados.
Festa della Liberazione: homenagem italiana aos combatentes da FEB

Até hoje é lembrada na Itália os feitos realizados pelos “cobras fumantes”. A “Festa della Liberazione” é uma celebração anual que ocorre na cidade de Montese, na Itália, para marcar o fim da ocupação nazista na cidade. A festa é realizada no mês de abril, em homenagem à data da rendição dos alemães em Montese, em 17 de abril.
Esta é a data em que os soldados brasileiros venceram sobre os alemães e libertaram a cidade de Montese, acontecimento que recebeu o nome de “Ofensiva da Primavera”.
Durante a festa, são realizadas diversas atividades, como desfiles, apresentações musicais e discursos. As crianças de Montese também participam da festa, cantando o hino da FEB, em homenagem aos soldados brasileiros que lutaram e morreram na cidade.
O hino da FEB é um símbolo de amizade e respeito entre o Brasil e a Itália. A sua execução pelas crianças de Montese é uma forma de reconhecer e agradecer o sacrifício dos pracinhas brasileiros que lutaram na Segunda Guerra Mundial.
Aqui está um trecho do hino da FEB, que é cantado pelas crianças de Montese durante a “Festa della Liberazione”:
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco, Dois é bom, três é demais.
A participação da FEB na Segunda Guerra Mundial foi um marco histórico para o Brasil. As forças brasileiras desenvolveram sua capacidade de lutar e vencer, conquistando o respeito do mundo e consolidando a imagem do país como um aliado determinado na busca pela liberdade.
A Força Expedicionária Brasileira, com seu heroísmo e dedicação, provou que a pátria estava disposta a tudo pela causa da justiça e da liberdade. Uma história que jamais será esquecida.