No dia 8 de janeiro, o Supremo Tribunal Federal (STF) se viu às voltas com uma suposta tentativa de golpe que em alguns dias completa um ano.
Em entrevista ao jornal O Globo, o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações, esclarece que em nenhum momento o Exército flertou com a ideia do golpe. Em meio aos desdobramentos das apurações, Moraes detalha os planos que visavam até mesmo seu homicídio e ressalta a necessidade de responsabilização dos envolvidos.
No aniversário dos ataques de 8 de janeiro, o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações no STF, desmistificou possíveis conexões entre o Exército e a tentativa de golpe. Em entrevista ao jornal O Globo, Moraes destaca a isenção da instituição militar nos eventos.
Questionado sobre sua localização no dia dos ataques, Moraes revela que estava na Europa com sua família após a posse do presidente Lula. Ao tomar conhecimento dos distúrbios, o ministro agiu questionando a entrada dos manifestantes na Esplanada dos Ministérios e destacando a inação da Polícia Militar.
Moraes, que já ocupou o cargo de secretário de Segurança Pública em São Paulo, enfatiza que a ação policial seria suficiente para dispersar os manifestantes e lamenta a falta de reação. Diante do cenário crítico, ele destaca três decisões cruciais: as prisões do então secretário e do comandante geral da Polícia Militar, o afastamento do governador e a determinação de prisão para quem incitasse golpe.
Quanto à possível participação do Exército, Moraes assegura que a instituição não flertou em momento algum com a ideia do golpe. Ele relata que, nos planos delineados pelos golpistas, buscava-se convencer o Exército a aderir à ação, mas isso foi prontamente descartado.
“Nas investigações e nos interrogatórios de vários desses golpistas, temos que os discursos nos quartéis onde estavam acampados diziam que deveriam vir para Brasília. De vários financiadores, (a ordem era que) deveriam vir, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO para que o Exército fosse retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe.
O que mostra o acerto em não se decretar a GLO, porque isso poderia gerar uma confusão maior, e sim a intervenção federal. Não que o Exército fosse aderir, pois em nenhum momento a instituição flertou (com a ideia). Em que pese alguns dos seus integrantes terem atuado, e todos eles estão sendo investigados”, Disse o Ministro ao Globo
Ao abordar as críticas às prisões efetuadas, Moraes responde que a Justiça deve ser igual para todos, independentemente da classe social. Ele destaca que as penas aplicadas seguiram a legislação aprovada pelo Congresso para impedir tentativas de golpe.
Em relação ao papel das redes sociais, Moraes aponta sua instrumentalização no 8 de janeiro e destaca a importância da regulamentação, planejada para o primeiro semestre de 2024 pelo Tribunal Superior Eleitoral, presidido por ele.
Perguntado sobre a responsabilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro no caso, o ministro respondeu que todos, desde executores a eventuais políticos, serão investigados.
A investigação, segundo o ministro, continuará sem limites, com todos os responsáveis sendo responsabilizados após o devido processo legal.