Após 45 anos de desenvolvimento, o Brasil ainda não tem permissão da Organização das Nações Unidas (ONU) para operar um submarino nuclear. A falta de autorização se deve à recusa do país em aderir aos chamados Protocolos Adicionais de 1997, que dão à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acesso facilitado a instalações nucleares. É o que disse à Folha o diretor-geral do órgão das Nações Unidas, Rafael Grossi.
O Brasil, após dedicar 45 anos ao projeto de um submarino de propulsão nuclear, aguarda a autorização da ONU, que está condicionada à flexibilização de sua posição histórica contra inspeções detalhadas em instalações atômicas. Rafael Grossi destaca que o país deve concordar com um regime rigoroso de inspeções, garantindo transparência à comunidade internacional.
Siga a Revista Sociedade Militar no Instagram e fique atualizado com conteúdo exclusivo em tempo real!
Clique aqui para seguir“Ter um submarino nuclear é legítimo. Se o país quer um, tem de fazer um acordo com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), que será muito estrita no regime de inspeções. Eu preciso dar garantias para a comunidade internacional”, disse Grossi.
Grossi sugere que a aprovação para o submarino nuclear Álvaro Alberto pode demorar até cinco anos, ressaltando a necessidade de negociações detalhadas. Ao contrário do projeto Aukus (Eua, Reino Unido e Austrália), que enfrenta resistência geopolítica, o Brasil destaca seu desenvolvimento com mais autonomia e independência.
Um obstáculo crucial seria a posição brasileira em relação aos Protocolos Adicionais de 1997, que permitiriam inspeções mais amplas da AIEA. Em 2004, durante o primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país vetou a inspeção de suas ultracentrífugas, levando a uma crise.
O Brasil, após rejeições dos EUA, buscou auxílio na Rússia para obter combustível nuclear certificado, porém, a Guerra da Ucrânia complicou as negociações. A AIEA expressa preocupações sobre o controle de material físsil em submarinos, propondo um “Procedimento Especial” que inclui contagem do material antes e depois de missões.
Enquanto o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) avança, o submarino nuclear está previsto para ser lançado em 2033, enfrentando desafios na integração do reator ao casco.
Fonte: Folha de São Paulo