A Folha de São Paulo publicou no sábado, 20 de janeiro de 2024, que a cúpula do Exército estaria apreensiva e à espera de que o Ministério Público Federal apresente a denúncia contra o tenente-coronel Mauro Cid antes de abril.
Segundo apurado pelo jornal, o prazo “é considerado crucial”, já que a turma de Cid na Academia Militar das Agulhas Negras – escola considera de nível superior, e que forma os oficiais da Força – disputa a promoção para coronel no dia 30 daquele mês.
Pelas regras atuais, Cid poderia ser impedido de concorrer à promoção caso se tornasse réu na Justiça. Há outras situações em que militares ficam com a carreira congelada, sem possibilidade de promoção, mas o tenente-coronel não se encaixa em nenhuma delas.
Mauro Cid está entre os primeiros lugares da turma e é um dos mais cotados a receber a terceira estrela de fundo dourado.
A Folha afirma que haveria um “desgaste no Exército” caso o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro fosse promovido a coronel “full” (coronel com três estrelas “gemadas” – um tenente-coronel possui duas estrelas “gemadas” e uma “solta”).
As fontes jornalísticas dizem também que a possível promoção do tenente-coronel está gerando apreensão entre militares próximos do comandante do Exército, general Tomás Paiva.
Segundo relatos feitos à Folha, o relatório de impedimento de promoções (documento montado pelo Exército que mostra quem está impedido ou habilitado a concorrer à promoção) de Cid não apontou impedimento.
O tenente-coronel está habilitado para concorrer à promoção e já assinou e enviou os documentos necessários ao órgão responsável por analisá-los.
Os processos internos de avaliação de documentação e mérito para a promoção, porém, ainda não começaram. A fase atual é a de atualização da base de dados de pessoal.
DINHEIRO NÃO É TUDO
A despeito da delicada situação jurídica de Mauro Cid, a promoção de tenente-coronel a coronel é a última da carreira regular de um oficial provindo da AMAN e é a mais esperada entre os oficiais oriundos da AMAN.
Tão logo complete 26 anos de serviço, e tendo permanecido por 5 anos nesse posto, conforme a legislação, um tenente-coronel é promovido a coronel, ficando mais 4 anos no posto (a partir da reforma previdenciária de 2019, esse tempo passou para 6 anos).
Esse posto é o filtro final para se ascender ao generalato, em geral, o alvo desejado pela maior parte dos oficiais.
O curioso é que em termos financeiros a última promoção regular não é a mais atraente. Um capitão, depois de longos 8 anos, ao ser promovido a major, receberá um aumento salarial de R$ 2.957,24 – um incremento de 26%.
Já um tenente-coronel com 26 anos de serviço ganharia um aumento praticamente simbólico de 6% com a última promoção. Esses dados podem ser consultados em tabela disponível na Revista Sociedade Militar.