Um artigo da Revista Time publicado em setembro de 2023 mencionou a surpresa de um cubano contratado por uma empreiteira estrangeira quando se viu no front de batalha entre russos e ucranianos:
“ALex Vegas Díaz ficou surpreso ao dormir ao lado de soldados russos em uma trincheira na Ucrânia, a mais de 9.000 quilômetros de casa. Segundo ele, o cubano magro de 19 anos aceitou uma oferta postada no WhatsApp para ganhar um bom dinheiro fazendo “obras de construção” para os militares russos. Em vez disso, ele e um amigo foram levados para uma base, equipados com armas e enviados contra a sua vontade para a linha da frente de uma guerra da qual nunca pretenderam aderir”.
Agora, quem dá destaque para essa situação inusitada: Cubanos, militares ou não, lutando a favor da Rússia, é o site Diálogo Américas, órgão oficial do Exército dos Estados Unidos.
Trecho de artigo publicano na Revista Diálogo Américas: “A ditadura cubana tem usado sua população como escravos modernos desde a década de 1950”, disse à Diálogo, em 6 de dezembro, Jorge Serrano, especialista em segurança e membro da equipe consultiva da Comissão de Inteligência do Congresso do Peru. “Durante o recente conflito na Ucrânia, a participação de jovens cubanos, juntamente com outros mercenários de países como Síria, Irã e Coreia do Norte, no apoio às tropas russas, confirma essa realidade.”
A Dura Realidade dos Jovens Cubanos no Campo de Batalha Ucraniano
A situação dos jovens cubanos, recrutados para lutar na Ucrânia, evidencia uma preocupante e pouquíssimo mencionada faceta das relações internacionais e das discretas políticas internas de Cuba. Segundo uma reportagem publicada no site Diálogo Américas, criado e mantido pelo Comando Sul do Exército dos Estados Unidos (SOUTHCOM), esta realidade coloca em perspectiva os enormes desafios enfrentados por esses jovens cubanos e as implicações políticas desse fenômeno.
A Situação dos Jovens Cubanos
“O regime cubano recruta centenas de jovens entre 17 e 28 anos para o serviço militar obrigatório”, conforme destacado na publicação de Diálogo Américas. Estes jovens, muitos obviamente enfrentando condições de pobreza e incerteza, são descritos no relatório da ONG Global Americans como “bucha de canhão para a invasão da Rússia à Ucrânia”. Essa expressão chocante e bastante utilizada por militares para definir aqueles que serão sacrificados reflete a severidade da situação em que esses jovens são colocados.
Segundo o artigo na Diálogo, em Cuba jovens a partir dos 15 anos são alistados e mantidos na reserva até os 45, e isso cria uma grande base de potenciais recrutas. “A maioria desses jovens enfrenta pobreza e incerteza; eles estão divididos entre o treinamento militar e a evasão do serviço obrigatório”, ressalta a reportagem. Há, portanto, uma realidade complicada a ressaltar, a difícil “escolha” que muitos jovens cubanos enfrentam.
Com cerca de 300.000 baixas registradas até o momento, o recrutamento estrangeiro da Rússia aumentou significativamente desde junho, um mês desafiador para Putin, devido ao início da contraofensiva ucraniana e à tentativa de golpe de Yevgeny Prigozhin, o que levou a Rússia a intensificar seus apelos para recrutar cidadãos-soldados, explicou….
“Cuba não faz objeção à participação legal de seus cidadãos no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Não temos nenhuma objeção aos cubanos que desejam assinar um contrato e participar legalmente com o Exército russo nessa operação”, declarou o embaixador cubano em Moscou, Julio Antonio Garmendia Peña, ao Channel News Asia….
Durante anos, o serviço militar obrigatório em Cuba deixou profundas sequelas físicas e mentais. Os jovens, destinados a unidades remotas, sofrem com condições de vida precárias.
Impacto Psicológico e Físico
A experiência extremamente traumática no campo de batalha, principalmente em uma guerra que não lhes pertence e as condições em que esses jovens são submetidos têm consequências duradouras. Conforme apontado no relatório da Global Americans, o serviço militar obrigatório em Cuba deixa “profundas sequelas físicas e mentais”. Isso não apenas afeta o indivíduo, mas também tem implicações mais amplas para a sociedade que os cerca.
É de se estranhar que a grande mídia no Brasil e outros países não esteja dando destaque a essa situação, lembrando aí que as Forças armadas de Cuba tem influência sobre países como Venezuela e Bolívia.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar