8 de fevereiro deste ano foi uma data especialmente amarga para eleitores e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e admiradores das Forças Armadas. Nesse dia, a Polícia Federal lançou a Operação Tempus Veritatis, que teve como alvo o ex-presidente brasileiro e membros de seu governo, além de aliados políticos e militares. De acordo com a PF, todos são suspeitos de participar de tentativa de golpe e estão atualmente em fase de investigação e coleta de provas.
Diz o site: “As investigações revelaram que os envolvidos elaboraram um memorando, com a participação do próprio Jair Bolsonaro. O objetivo seria tomar uma série de medidas contra o mais alto órgão judicial do Brasil, incluindo a prisão de ministros do Supremo Tribunal Federal. De acordo com o portal chinês China2Brazil, o alvo da organização seria principalmente o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.”
Ainda segundo o site, o grupo também tencionava promover a disseminação de notícias falsas visando o sistema eleitoral brasileiro.
Alto comando militar na mira da Polícia
Entre os alvos das buscas e apreensões estavam sobretudo o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República General Augusto Heleno e o ex-ministro da Defesa General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira.
A investigação revelou que a organização, classificada como “criminosa” pelo portal de notícias chinês, era dividida em seis grupos operacionais principais.
- um grupo para espalhar boatos, fake news e desinformação para atacar principalmente o sistema eleitoral;
- um grupo que incentivaria o golpe militar;
- um grupo jurídico;
- um grupo de apoio operacional;
- um grupo paralelo de inteligência
- um grupo de altos funcionários que legitimavam todas as operações.
De acordo com a Polícia Federal, a organização elaborou um memorando visando a concretização do eventual golpe. O documento prevê a prisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Além disso, o documento também cita a realização de novas eleições presidenciais.
Após receber o documento, Bolsonaro solicitou a alteração do texto. Na nova versão, foram mantidas apenas as exigências de prisão do ministro Alexandre de Moraes e novas eleições presidenciais. Posteriormente, Bolsonaro convocou uma reunião com os comandantes das três Forças, Comandante da Marinha Almir Garnier Santos, o Comandante do Exército Marco Antonio Freire Gomes, e Comandante da Força Aérea Brasileira Carlos de Almeida Baptista Junior para forçá-los a aderir ao golpe.
Ordem para espalhar fake news teria partido do próprio ex-presidente
Outro incidente revelado pela investigação foi uma reunião convocada por Bolsonaro na cúpula do governo federal no dia 5 de julho de 2022. Nessa reunião, o então Presidente pediu aos presentes que utilizassem de seus cargos para espalhar informações falsas sobre fraudes nas eleições presidenciais. Um vídeo documentando o encontro foi encontrado em um computador do ex-assessor presidencial, tenente-coronel Mauro Cid.
A partir dessa reunião, o grupo organizou uma série de outros eventos para tramar um golpe de estado, de acordo com a Polícia Federal. Mensagens no celular de Mauro Cid revelam que o tenente-coronel atuou sobretudo como coordenador de divulgação de mensagens ofensivas durante as eleições. A reunião revelou claramente a dinâmica golpista que ocorria nos mais altos níveis do governo e mostrou o envolvimento de todos os investigados na divulgação e disseminação de grandes quantidades de informações falsas e alegações enganosas sobre as eleições.
A Polícia Federal também descobriu que a organização monitorou a os passos do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre Moraes entre Brasília e São Paulo em datas distintas em dezembro de 2022. A vigilância foi descoberta por meio de mensagens trocadas entre Mauro Cid e o Coronel do Exército Marcelo Camara.
A Polícia Federal também apontou que integrantes da organização trocaram informações sobre os eventos do dia 8 de janeiro de 2023, que levaram ao ataque e destruição da Praça dos Três Poderes, em Brasília. De acordo com a PF, as conversas entre Mauro Cid e o major do Exército Rafael Martins de Oliveira fornecem fortes indícios de que ambos estiveram diretamente envolvidos no direcionamento dos ataques a prédios do Supremo Tribunal Federal e do Congresso.
Texto de Rafael Cavacchini // Fonte: China2Brazil