Em um movimento estratégico para adaptar-se aos tempos modernos, as Forças Armadas do Brasil, principalmente o Exército, redirecionam suas estratégias de comunicação para enfrentar os desafios impostos pela polarização política e pela influência do ambiente digital sobre corações e mentes. O objetivo da comunicação social das forças hoje é claro: distribuir de maneira direta o discurso favorável às instituições previamente estabelecido sobre suas atividades e contribuições, minimizando as distorções provocadas pela mídia tradicional, pelos detratores profissionais das redes sociais e pelos Youtubers profissionais que ganham bastante dinheiro com a monetização de vídeos com discurso contrário às Forças Armadas.
O novo cenário de fato exige das Forças Armadas uma resposta firme às críticas que emergem de todos os lados do espectro político. A aproximação com o governo de Jair Bolsonaro tem sido um ponto de controvérsia nas tentativas de conquistar a confiança da esquerda, enquanto a direita questiona a passividade das Forças em momentos cruciais, como na posse de Luiz Inácio Lula da Silva ou na crise de desconfiança sobre as urnas eletrônicas.
Diante disso, em cumprimento às diretrizes dos comandantes, as instituições buscam reafirmar um compromisso apolítico com a nação, concentrando-se na segurança e defesa nacional.
Uma das medidas adotadas pelo Exército Brasileiro tem sido a aposta em emissoras de rádio como um meio de alcançar diretamente a população, uma estratégia com alta penetração, que alcança um público um pouco talvez mais interiorizado, diferente daquele que habita as redes sociais durante várias horas por dia. A iniciativa aparentemente vem em resposta à abrupta perda significativa de seguidores nas redes sociais.
Dados divulgados pela Revista Sociedade Militar, com base em informações prestadas pelo próprio Exército Brasileiro, mostram que o Comando do Exército vem enfrentando uma queda diária de cerca de 4.185 seguidores em seu perfil no Instagram, evidenciando a necessidade de renovar sua presença digital e buscar alternativas para manter a comunicação eficaz com os cidadãos.
Além dos desafios nas redes sociais, as Forças Armadas têm lidado com uma onda de críticas em plataformas de mensagens instantâneas, como WhatsApp e Telegram, onde mais de 50 mil grupos públicos têm sido identificados como focos de ataques à sua imagem. A informação foi divulgada pela Folha de São Paulo, mencionando uma pesquisa da agência Palmer.
Este ambiente hostil sublinha a importância de uma estratégia de comunicação robusta e adaptada ao cenário digital atual. É importante lembrar que muito do funcionamento de Marinha, Exército e Força Aérea se deve à absorção de emendas parlamentares e, para receber essas verbas direcionadas por políticos eleitos, as instituições precisam estar na “crista da onda” da popularidade.
O anúncio da criação, pelo Exército, da mais nova emissora de rádio do Brasil, com inauguração marcada para esta quarta-feira, 6 de março de 2024, é apenas mais uma das ações visando recuperar o status do Exército e — por que não dizer — das Forças Armadas como um todo.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar