Dezembro de 2022 marcou o início de um período desafiador para o Serviço de Comunicação Social do Exército Brasileiro, com um declínio significativo na sua base de seguidores nas redes sociais. No final de novembro de 2022, o perfil do Exército no Instagram, ainda com os oficiais generais contando com altíssimo status entre a sociedade, contava com 8.366.665 seguidores. Entretanto, ao longo de apenas um mês, essa cifra despencou para 7.634.286, resultando em uma perda notável de aproximadamente 730 mil seguidores. Essa evasão maciça de seguidores desde então não parou nas redes sociais da força terrestre.
Em um momento crítico, em que as Forças Armadas são presença quase constante na mídia, quase sempre em com pautas negativas para as mesmas, as redes sociais são essenciais como um canal vital de comunicação e engajamento público. Por conta disso os setores ligados à comunicação social das Forças Armadas se empenham na luta para reverter a tendência negativa.
De 30 de dezembro de 2022 (7.634.286) a 30 de janeiro de 2023 (7.342.273), a redução foi de 292 mil seguidores, evidenciando que o pico de descrença na atuação das Forças Armadas não aconteceu após 9 de janeiro, mas na verdade durante dezembro, que foi justamente o mês em que o então presidente Jair Bolsonaro recolheu-se ao Palácio da Alvorada e, posteriormente, viajou para os Estados Unidos.
Ouvido pela Revista Sociedade Militar, um militar graduado na ativa e que atua na área de comunicação social informou que as forças têm uma preocupação com quem deixa de seguir e não com os detratores, mas que se dedicam a preparar conteúdo e informação de qualidade para “aqueles cidadãos que realmente tem interesse nas atividades realizadas pelos militares”.
Uma campanha para inflar as redes sociais do Exército
No período pós-eleitoral de 2022, uma mobilização interessante surgiu entre cidadãos brasileiros, foi uma campanha visando fortalecer a presença digital do Exército Brasileiro nas redes sociais. Esta campanha, liderada por um coletivo de indivíduos autodenominados como patriotas, teve como principal intuito engordar as redes sociais para pressionar a instituição militar, utilizando as plataformas digitais como campo de ação. Entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro, o perfil oficial do Exército no Instagram testemunhou um aumento extraordinário, recebendo mais de 6,2 milhões de novos seguidores. Esse crescimento expressivo refletiu a expectativa de uma parte da população por uma intervenção que mantivesse o presidente anterior no cargo.
Um oficial do Exército destacou, entusiasmado, em uma publicação no Blog do Exército, o aumento de seguidores, mencionado por ele como orgânico:
“A plataforma experimentou um notável crescimento em 72 horas, imediatamente após o encerramento da eleição de 2022. O perfil saltou de 2,2 milhões para 8,4 milhões de seguidores de maneira orgânica, sem qualquer estratégia formal por parte da Força.”
Desde 30 de novembro de 2022, quando após o pico de adesões possuía 8,3 milhões de seguidores, até 19 de fevereiro de 2024, o Exército Brasileiro perdeu cerca de 127.402 seguidores por mês, o que corresponde a uma média diária de 4.185 seguidores a menos. A despeito da clara insatisfação e rejeição expressa nos comentários nos perfis das Forças Armadas, surpreende bastante o fato de não ter sido lançada nenhuma campanha incentivando os cidadãos a deixarem de seguir as redes sociais da instituição.
Robson Augusto, militar R1, Cientista Social, especialista em inteligência e marketing