Após um período desafiador marcado pela pandemia e pelo término de uma parceria potencial com a Boeing, a Embraer está vivenciando uma notável recuperação. Atualmente, a fabricante brasileira está finalizando a entrega de três jatos E195-E2 em seu hangar em São José dos Campos, São Paulo, onde apenas um desses aviões servirá o mercado nacional e os outros serão enviados para o Canadá e Espanha.
O clima na fábrica é otimista, com previsões de entregar 80 jatos comerciais até o final de 2024. Além disso, a Embraer planeja expandir sua equipe com a contratação de 900 novos funcionários, em resposta ao aumento significativo de sua carteira de pedidos.
Esta reviravolta ocorre após o rompimento com a Boeing em 2020, um acordo que inicialmente envolveria a criação da joint venture Boeing-Brasil Commercial. “O cenário mudou depois da pandemia. O mundo mudou, o mercado mudou. Com aquele evento, nós criamos um plano estratégico para o futuro e estamos executando isso de forma brilhante”, comentou Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer.
A cerimônia de entrega recente do jato para a companhia aérea Azul foi marcada pela presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e diversos ministros, destacando o compromisso do governo com a melhoria da infraestrutura aeroportuária para fomentar o turismo regional. “Esse país só vai melhorar quando as pessoas mais humildes puderem andar de avião”, afirmou Lula, incentivando as companhias aéreas nacionais a adquirirem aviões da fabricante.
O sucesso da Embraer tem gerado efeitos positivos em toda a cadeia de fornecimento nacional. Empresas componentes têm visto uma demanda crescente, particularmente para os modelos de jatos executivos. “O bom desempenho da Embraer tem aquecido a indústria nacional de componentes. As empresas têm contratado mais”, disse Rodrigo Garbelotto, vice-diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em São José dos Campos.
Com a recuperação mais acelerada na América Latina comparada a outras regiões, o setor aéreo brasileiro mostra sinais de forte retomada, apesar dos desafios econômicos presentes, como o alto custo do combustível e as questões de endividamento das companhias aéreas.
Este cenário ressalta a resiliência e a capacidade de adaptação da Embraer no mercado global de aviação, onde continua a competir fortemente, mesmo após desafios significativos nos últimos anos.
Fonte: DW