A morte do presidente iraniano Ebrahim Raisi, de 63 anos, em um acidente de helicóptero no último domingo (19/5), trouxe à tona questões cruciais sobre a sucessão do líder supremo do Irã, Ali Khamenei. Raisi, que era visto como o principal candidato para suceder Khamenei, estava em uma missão no norte do país quando o helicóptero, também transportando o chanceler Hossein Amirabdollahian, fez um pouso forçado devido ao mau tempo.
A tragédia não só chocou a nação, mas também gerou preocupações sobre a estabilidade política e a direção futura do país. Antes mesmo da confirmação oficial da morte de Raisi, Khamenei tentou tranquilizar a população afirmando que não haveria interrupção nos assuntos de Estado, pedindo aos cidadãos que “não se preocupassem” com a liderança do país.
De acordo com a Constituição iraniana, o primeiro vice-presidente Mohammad Mokhber deve assumir temporariamente a presidência, com a confirmação do líder supremo. Mokhber precisará formar um conselho com o presidente do Parlamento e o chefe do Poder Judicial para organizar novas eleições em até 50 dias. Este período será crucial para determinar se o país continuará sua trajetória conservadora ou se haverá mudanças significativas na política interna e externa.
Raisi, que assumiu a presidência em 2021, era conhecido por sua postura linha-dura, intensificando o enriquecimento de urânio e apoiando a Rússia contra a Ucrânia. Ele também enfrentou grandes manifestações em 2022 após a morte de Jina Mahsa Amini sob custódia da polícia da moralidade, um evento que intensificou a tensão social no país. Sua morte inesperada coloca em xeque a continuidade de suas políticas e abre caminho para possíveis mudanças na liderança do Irã.
A escolha do próximo líder supremo será feita por uma assembleia de 88 clérigos e religiosos, um processo que pode gerar debates internos intensos, especialmente se Mojtaba Khamenei, filho de Ali Khamenei, emergir como o favorito. A transferência de poder dentro da família pode ser vista como uma violação dos princípios revolucionários do país, aumentando ainda mais as tensões políticas. As próximas semanas serão decisivas para o futuro do Irã e sua posição no cenário global.
Fontes: Reuters, Metrópoles.