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Coreia do Norte desafia ocidente e se prepara para entrar de vez na Guerra da Ucrânia com envio oficial de tropas à Rússia, informa jornal coreano

por Sérvulo Pimentel 27/11/2024
Coreia do Norte desafia ocidente e se prepara para entrar de vez na Guerra da Ucrânia com envio oficial de tropas à Rússia, informa jornal coreano

A Coreia do Norte estaria prestes a formalizar sua participação na guerra da Ucrânia, reconhecendo oficialmente o envio de tropas para apoiar a Rússia, segundo informações do jornal sul-coreano The Korea Herald. A medida é uma possibilidade crescente diante de dificuldades internas enfrentadas pelo regime de Kim Jong-un para ocultar os movimentos militares de sua população.

Fontes do Ministério da Unificação em Seul relataram que sinais de descontentamento têm surgido dentro da Coreia do Norte, com rumores e relatos de famílias em lágrimas circulando, apesar dos esforços do governo para manter sigilo. A situação seria agravada pelo aumento de vítimas no campo de batalha e o fardo das constantes rotações de soldados enviados à Rússia.

Apoio militar e estratégico

Conforme noticiado pela Revista Sociedade Militar, a Coreia do Norte teria enviado até 10 mil soldados para reforçar os esforços militares russos. Em troca, a Rússia estaria fornecendo alimentos e suprimentos agrícolas para aliviar a crise econômica de Pyongyang. Além disso, mais de 13 mil contêineres com munições, como granadas de 122 mm e 152 mm, teriam sido enviados pela Coreia do Norte, suprindo as linhas defensivas da Rússia no leste ucraniano.

Coreia do Norte está próxima de oficializar seu papel na Guerra da Ucrânia com envio de tropas à Rússia. (Foto: The Korea Herald)

Kim Jong-un e Vladimir Putin fortaleceram essa parceria ao assinar, em junho de 2024, um tratado estratégico que compromete ambas as nações com assistência militar mútua. O acordo, ratificado neste mês, prevê trocas de apoio em caso de ameaças externas, consolidando a aliança entre os dois países.

Desafios internos e benefícios estratégicos

Autoridades sul-coreanas afirmam que Pyongyang pode optar pela formalização do envio de tropas para evitar rumores e consolidar ganhos estratégicos. “A Coreia do Norte calcula que ser reconhecida como participante oficial na guerra pode trazer vantagens diplomáticas e de segurança, além de fortalecer sua aliança com a Rússia no longo prazo”, destacou uma fonte do Ministério da Unificação ao The Korea Herald.

Entre os possíveis benefícios, o regime norte-coreano vislumbra o acesso a tecnologias militares avançadas, experiência em combate e um fortalecimento econômico bilateral que contorna sanções da ONU.

Conferências militares como alerta

Recentes movimentos internos na Coreia do Norte também indicam o peso da guerra para o regime. Em novembro, a 4ª Conferência de Comandantes de Batalhão e Instrutores Políticos foi realizada com o objetivo de reforçar a unidade militar e conter potenciais distúrbios nas forças armadas. Em discurso, Kim Jong-un enfatizou a lealdade ao regime e retratou a guerra na Ucrânia como uma intervenção militar global liderada pelos EUA e aliados.

Conferências desse tipo, segundo o Ministério da Unificação, foram convocadas em momentos de crise no passado, como após a Guerra da Coreia, antes do primeiro teste nuclear do país e durante a consolidação de poder de Kim Jong-un.

Sanções ignoradas e um pacto perigoso

A parceria entre Rússia e Coreia do Norte não está livre de controvérsias. Segundo informado pela Revista Sociedade Militar, Moscou tem enviado mais de 1 milhão de barris de petróleo por ano a Pyongyang, violando sanções da ONU que limitam essas transferências a 500 mil barris anuais. A ação fortalece a máquina militar norte-coreana e alimenta os esforços russos na Ucrânia.

Enquanto tenta equilibrar seus desafios internos e vantagens externas, o regime de Kim Jong-un avança em uma rota que pode mudar o cenário geopolítico, transformando a Coreia do Norte em uma participante oficial do conflito no Leste Europeu.