A crise política na Venezuela ganha novos contornos. Na véspera de sua posse para um terceiro mandato, Nicolás Maduro anunciou, na noite dessa terça-feira (7), a detenção de sete mercenários estrangeiros, entre eles dois cidadãos norte-americanos de “alto escalão”, que estariam envolvidos na preparação de ataques terroristas. A declaração foi feita em um pronunciamento televisionado, que não incluiu provas ou detalhes sobre os presos, levantando dúvidas sobre o contexto das prisões.
Maduro aponta complô internacional
Durante seu discurso, Maduro afirmou que os mercenários pertencem a um grupo internacional. Entre eles, além dos americanos, estariam dois colombianos e três indivíduos provenientes da guerra na Ucrânia. Segundo o presidente venezuelano, a ação das forças de segurança evitou uma série de ataques que estariam em planejamento no país.
“Só hoje capturamos sete mercenários estrangeiros, incluindo dois mercenários importantes dos Estados Unidos”, disse Maduro, que acusou os detidos de integrarem uma rede de terrorismo voltada contra a Venezuela. O anúncio ocorre em meio à intensificação das tensões políticas no país e poucos dias antes da cerimônia de posse de Maduro, marcada para sexta-feira.
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Repercussão internacional e lacunas
Até o momento, nem o Departamento de Estado dos EUA nem o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia emitiram comentários sobre a detenção de seus cidadãos. A mídia local também não divulgou fotos ou detalhes da operação que resultou nas prisões, gerando especulações sobre a veracidade das alegações de Maduro.
A Reuters destacou que Maduro chamou os americanos detidos de “alto escalão”, mas não forneceu informações adicionais. O governo venezuelano frequentemente usa alegações de complôs e terrorismo para justificar ações repressivas e fortalecer sua narrativa contra adversários internos e externos.
Cenário político polarizado
A notícia surge enquanto a oposição venezuelana, liderada por Edmundo Gonzalez, ganha apoio internacional. Gonzalez, declarado presidente eleito por diversos países, incluindo os Estados Unidos, viaja pela região em busca de consolidar sua legitimidade. O pleito de 28 de julho foi marcado por controvérsias, com a oposição apresentando provas de vitória esmagadora, enquanto o governo de Maduro, sem divulgar os dados oficiais, se declarou vencedor.
O presidente dos EUA, Joe Biden, reiterou nesta semana que Gonzalez é o “verdadeiro vencedor” da eleição venezuelana. Esse reconhecimento acirra ainda mais o conflito político, alimentado por denúncias de fraudes e repressão governamental.
Rotatividade de prisioneiros e contexto militar
Grupos de direitos humanos denunciaram que a Venezuela mantém uma rotatividade de prisioneiros, detendo novos indivíduos mesmo após libertar outros. Em 2023, por exemplo, Caracas libertou dez norte-americanos em negociações com Washington, enquanto os EUA libertaram o empresário colombiano Alex Saab, aliado próximo de Maduro.
Segundo o site Militarnyi, os colombianos detidos usavam uniformes militares ucranianos e foram capturados ao fazer escala em Caracas. As informações levantam questões sobre a presença de combatentes com histórico militar em território venezuelano.