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Por que os Estados Unidos nunca venderam encouraçados ou porta-aviões para a Marinha do Brasil

Relação conturbada entre a Marinha do Brasil e os EUA gerou parceria com a Grã-Bretanha, e a nova era de ouro para a força naval brasileira.

por Noel Budeguer
23/01/2025
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A relação entre o Brasil e os Estados Unidos durante o período entre as décadas de 1930 e 1970 foi marcada por altos e baixos. Enquanto em alguns momentos o apoio americano foi essencial para o fortalecimento da Marinha do Brasil, em outros, a política dos EUA representou grandes obstáculos para a modernização da frota naval brasileira.

Essa dinâmica complexa influenciou diretamente as decisões estratégicas do Brasil, que precisou buscar alternativas e parcerias com outros países, como a Grã-Bretanha, para suprir suas necessidades de defesa e modernização naval.

O início da parceria e a modernização da Marinha

No início da década de 1930, a Marinha do Brasil se encontrava em um estado precário, com poucas aquisições desde a década de 1910. Para reverter essa situação, o Brasil buscou fortalecer seus laços com fornecedores de armamentos, incluindo os Estados Unidos.

Durante o governo de Franklin Delano Roosevelt, os EUA se esforçaram para estreitar os laços com países da América Latina, incluindo o Brasil. Essa aproximação representou uma grande oportunidade para o Brasil, que pôde atuar como uma ponte entre os Estados Unidos e as principais potências da região.

Com o auxílio americano, o Brasil deu início à construção de contratorpedeiros da classe Marcílio Dias, baseados em modelos americanos. Além disso, a Marinha Real Britânica forneceu projetos para a construção da classe Acre, também conhecida como classe A ou Amazonas. Esse apoio foi fundamental para o desenvolvimento da indústria naval brasileira, que até então havia construído apenas navios menores.

A Segunda Guerra Mundial e o fortalecimento da aliança

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil manteve-se próximo aos Estados Unidos, chegando a entrar oficialmente no conflito em 1942. Para manter a Marinha do Brasil em boas condições, os EUA forneceram unidades menores, como os contratorpedeiros de escolta da classe Cannon, conhecidos no Brasil como classe Vértias.

Os Estados Unidos tinham o interesse em garantir a superioridade naval do Brasil na região, considerando a Argentina como um possível rival. Essa estratégia também visava assegurar o monopólio do fornecimento bélico para o Brasil, aproveitando o espaço deixado pela Grã-Bretanha.

As primeiras negativas americanas

Mesmo nessa época de fortes laços entre a Marinha do Brasil e Estados Unidos, houve alguns exemplos de uma atitude menos amistosa. Em diversas ocasiões, os esforços do Presidente Roosevelt para atender aos pedidos do governo brasileiro foram barrados pelos representantes do Congresso e da Marinha americana.

Um exemplo foram os pedidos brasileiros por cruzadores da classe Omaha e contratorpedeiros da classe Wickes, que foram negados pelos EUA, forçando o Brasil a recorrer à Marinha Britânica para construir os contratorpedeiros da classe Juruá.

O programa Naval ambicioso do pós-guerra

Com o final da Segunda Guerra Mundial iminente, o Brasil elaborou seu mais ambicioso programa naval, presumindo que os Estados Unidos poderiam disponibilizar unidades maiores, como porta-aviões e encouraçados, uma vez que a Marinha Imperial Japonesa havia sido praticamente neutralizada.

No entanto, os EUA se opuseram quase inteiramente a esse programa, argumentando que o Brasil não deveria ter uma Marinha superior à de qualquer outra grande potência da região, pois poderia contar com o apoio americano para lidar com ameaças à sua soberania. Além disso, consideraram que o custo de operar porta-aviões e encouraçados era muito alto para o Brasil.

A busca por alternativas e o fortalecimento da aliança com a Grã-Bretanha

Frustrado com a recusa americana, o Brasil começou a considerar seriamente a compra de navios britânicos, uma opção também sendo avaliada por outras marinhas da região. Os Estados Unidos tentaram usar pressão política sobre os britânicos para evitar essas vendas, mas acabaram aceitando relutantemente a transferência de alguns navios a preços simbólicos, como os cruzadores da classe Brooklyn.

A atitude americana durante a Guerra da Lagosta, em 1960, quando se negaram a ajudar o Brasil contra a França, abalou a confiança do governo brasileiro, que passou a se dedicar mais em manter boas relações com a Grã-Bretanha e desenvolver sua própria indústria naval.

A nova era de ouro da Marinha brasileira

A partir da década de 1970, a Marinha do Brasil entrou em uma nova era de ouro, marcada pela construção nacional de fragatas da classe Niterói, com apoio britânico, e a aquisição de submarinos de última geração da classe Oberon.

Nos anos seguintes, os Estados Unidos se tornaram mais dispostos a considerar as necessidades da Marinha brasileira, oferecendo contratorpedeiros das classes Fletcher, Gearing e Allen M. Summer, além de diversos submarinos da classe Balão e Tango.

Apesar dessa reaproximação, os Estados Unidos nunca chegaram a vender encouraçados ou porta-aviões para a Marinha do Brasil, mantendo uma postura de limitar o poderio naval brasileiro em relação a seus vizinhos.

A relação entre o Brasil e os Estados Unidos durante esse período foi marcada por altos e baixos, com o apoio americano sendo essencial em alguns momentos, mas também representando grandes obstáculos em outros. Essa trajetória conturbada levou a Marinha do Brasil a forjar novos laços com a Grã-Bretanha, impulsionando uma nova era de ouro para a força naval brasileira.

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