O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou os comandantes das Forças Armadas para participarem do evento “Democracia Inabalada”, que ocorrerá no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro de 2025. Este evento marca o segundo aniversário dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e tem como objetivo reafirmar o compromisso com a democracia e a estabilidade política no Brasil. A presença dos comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha neste evento é especialmente simbólica, dado o recente tensionamento nas relações entre o governo e as Forças Armadas.
Nos últimos meses, as relações entre o Planalto e as Forças Armadas foram testadas, principalmente devido à inclusão dos militares no pacote de cortes de gastos do governo. A Marinha, por exemplo, chegou a divulgar um vídeo ironizando o pacote, evidenciando o descontentamento interno. Além disso, a conclusão do inquérito sobre a tentativa de golpe de estado, que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, também contribuiu para a tensão, com as Forças Armadas sentindo-se expostas nos episódios.
Exposição das Forças Armadas
Apesar de apoiarem as investigações, há uma percepção entre os militares de que o governo, a Polícia Federal e o Judiciário exageraram na exposição das Forças Armadas durante este processo. Este sentimento tem gerado um desconforto crescente, que a cerimônia de 8 de janeiro busca mitigar, promovendo um espaço de diálogo e reafirmação de compromissos institucionais.
A escolha do Palácio do Planalto como local do evento deste ano, diferente do Congresso Nacional, onde ocorreu em 2024, pode ser vista como uma tentativa de centralizar as discussões e ressaltar a importância do Executivo no fortalecimento das instituições democráticas. A mudança de local pode também indicar uma estratégia para promover um ambiente mais controlado e simbólico para a ocasião.
Três Poderes estarão unidos
A cerimônia contará com a presença de figuras importantes da política nacional, incluindo os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco, e do Supremo Tribunal Federal, Luis Roberto Barroso. A união desses líderes em um mesmo evento visa demonstrar coesão e compromisso conjunto na defesa da ordem democrática do país.
Entretanto, há quem veja a realização de tal evento com ceticismo, considerando que ele pode reacender tensões entre apoiadores de diferentes espectros políticos. O evento “Democracia Inabalada” é visto por alguns como um movimento que pode acirrar ânimos, em vez de promover o distensionamento necessário em um país polarizado.
Celebrando ou remoendo o passado?
O debate sobre a necessidade e o formato de eventos como este é relevante. Enquanto muitos acreditam que cerimônias públicas de reafirmação democrática são essenciais para a saúde política da nação, outros defendem que é hora de fechar feridas abertas, buscando a reconciliação sem a necessidade de reabrir discussões que possam gerar novas divisões.
É importante refletir sobre se a realização de eventos solenes como este ajuda na cicatrização de feridas ou se, ao contrário, prolonga a dor de um passado recente. Talvez o caminho ideal esteja em encontrar um equilíbrio entre a memória histórica e o desejo de seguir em frente, promovendo a união e a paz social.