As declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a possível anexação da Groenlândia, a transformação do Canadá em estado americano e até o controle do Canal do Panamá provocaram reações globais. O Kremlin, por sua vez, se posicionou, destacando que a Rússia possui interesses estratégicos no Ártico e está acompanhando de perto os “desenvolvimentos dramáticos” da situação, segundo a agência Reuters.
Trump, que tomará posse no dia 20 de janeiro, reacendeu uma agenda expansionista que mistura política e retórica controversa. Ele afirmou que a Groenlândia — território autônomo da Dinamarca — deveria ser parte dos EUA como medida para garantir segurança nacional contra ameaças chinesas e russas. Além disso, defendeu que o Canadá se torne o 51º estado americano, prometendo estabilidade econômica e proteção contra “navios russos e chineses”. O republicano também insinuou que poderia recorrer a ações militares ou econômicas para obter controle do Canal do Panamá, devolvido ao país latino-americano em 1999.
Em Moscou, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, reagiu com cautela, classificando as falas de Trump como algo que, por enquanto, “não passou de declarações”. Peskov afirmou que a Rússia está vigilante, especialmente em relação ao Ártico, uma região que considera fundamental para seus interesses estratégicos. “Estamos interessados em preservar a paz e a estabilidade no Ártico”, disse Peskov.
Questionado pela TASS sobre as ideias de Trump, Peskov destacou que essas questões são, em essência, parte das relações bilaterais dos EUA com Dinamarca, Canadá e Panamá. Ainda assim, ele observou que “a Europa reage com timidez” diante das declarações do republicano, talvez temendo possíveis desdobramentos.
A reação europeia foi reforçada pelo chanceler alemão Olaf Scholz, que expressou surpresa com os comentários de Trump, reafirmando que a inviolabilidade das fronteiras é um princípio básico do direito internacional. Já o ministro das Relações Exteriores do Panamá, Javier Martinez-Acha, foi direto: “As únicas mãos que controlam o canal são as panamenhas, e assim continuará sendo.”
O Kremlin, no entanto, vê a movimentação americana com olhos atentos. “Graças a Deus, ainda estamos no nível de declarações”, concluiu Peskov. Mas as palavras de Trump, ao que tudo indica, já têm ressonâncias globais.