O Exército Brasileiro, fundado em 1822, está prestes a vivenciar um momento histórico. Pela primeira vez em mais de dois séculos, duas mulheres oficiais podem ascender ao posto de general de brigada. As coronéis Carla Maria Clausi e Carla Lobo Loureiro, ambas da turma de oficiais médicos de 1997, estão aptas a serem promovidas em um ciclo de avaliação previsto para novembro. A decisão final será tomada pelo Alto Comando do Exército, composto pelo comandante Tomás Paiva e mais 16 generais. Informação divulgada anteriormente no site O Globo.
Desde que o Exército permitiu o alistamento voluntário de mulheres, a instituição vem reforçando sua política de inclusão feminina. Especialistas afirmam que a indicação de uma mulher ao posto de general pode ocorrer até 2026, consolidando o papel das mulheres nas Forças Armadas. O processo de promoção depende de critérios como antiguidade e merecimento, além da disponibilidade de vagas no alto escalão.
Mulheres de destaque: quem são as candidatas?
A coronel Carla Clausi tem uma trajetória impressionante. Primeira mulher a comandar uma unidade militar do Exército, ela assumiu, em 2015, a direção do Hospital de Guarnição de João Pessoa, enfrentando críticas e ataques machistas nas redes sociais. No entanto, sua história prova que sua ascensão é fruto de competência: médica formada pela Universidade Federal do Paraná, possui especialização em cardiologia clínica e terapia intensiva.
Em 2008, ganhou reconhecimento internacional ao salvar crianças soterradas no terremoto do Haiti, recebendo homenagem da Organização das Nações Unidas (ONU). Atualmente, divide suas funções militares com o trabalho na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Base, no Distrito Federal.
Por sua vez, a coronel Carla Lobo Loureiro atua como inspetora de saúde da 12ª Região Militar, em Manaus. Formada em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em otorrinolaringologia, ela tem uma carreira consolidada no Comando de Aviação do Exército. Foi também pioneira na liderança de unidades de saúde militar, tendo dirigido o Hospital de Guarnição de Florianópolis (2019-2022) e o Hospital Militar de Área de Porto Alegre até dezembro de 2023.
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O futuro da participação feminina no Exército Brasileiro
A promoção feminina nas Forças Armadas segue um movimento global de inclusão. Hoje, cerca de 13 mil mulheres ocupam cargos de oficiais, subtenentes e sargentos no Exército, desempenhando funções com os mesmos direitos, deveres e salários que os militares homens. Desde 2023, a abertura do alistamento militar para mulheres ampliou ainda mais essas oportunidades. A partir de 2026, a incorporação feminina será uma realidade, e até o momento, 26.130 mulheres já se inscreveram, das quais 1.010 serão selecionadas.
Para ser promovido ao mais alto posto do Exército, um oficial precisa cumprir requisitos rigorosos, como idoneidade moral, capacidade física, tempo mínimo de serviço e especialização militar. O objetivo é garantir que apenas os mais preparados cheguem ao topo da hierarquia.
Crescimento feminino nas Forças Armadas: um caminho rumo à liderança
A presença feminina no Exército Brasileiro tem aumentado gradualmente. Atualmente, mais de 34 mil mulheres integram as Forças Armadas, e a possibilidade de promoção de uma mulher ao generalato representa um avanço na estrutura militar. O Exército segue implementando medidas de inclusão, e a previsão é de que novas oportunidades surjam nos próximos anos, permitindo maior participação feminina nos postos de comando.
Fonte: globo.com