Em meio a um cenário internacional marcado por tensões geopolíticas e desafios econômicos, o Brasil, na presidência rotativa dos Brics, tem se destacado por suas posições firmes em questões globais.
Recentemente, o país propôs a retirada total das forças israelenses de Gaza e reforçou a importância do multilateralismo para enfrentar crises como a da Ucrânia e os impactos da guerra comercial liderada pelos Estados Unidos.
Retirada das forças israelenses de Gaza
Segundo o portal ”Defesa Net”, durante a reunião dos ministros das Relações Exteriores do Brics, realizada no Rio de Janeiro, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, expressou preocupação com a situação em Gaza.
Ele classificou como “deplorável” o desrespeito ao cessar-fogo e enfatizou a necessidade de garantir a retirada total das forças israelenses do território palestino.
Além disso, destacou a importância da libertação de todos os reféns e detidos e da entrada de ajuda humanitária na região.
Críticas ao unilateralismo e à guerra comercial dos EUA
O Brasil também se posicionou contra o unilateralismo nas relações internacionais, especialmente em relação às políticas comerciais dos Estados Unidos.
Desde que Donald Trump assumiu a presidência em janeiro de 2025, os EUA impuseram tarifas de pelo menos 10% sobre a maioria de seus parceiros comerciais, além de uma sobretaxa separada de 145% sobre produtos chineses.
Essa abordagem tem gerado preocupações sobre a fragmentação da economia global e a erosão do multilateralismo.
Apoio à Ucrânia e busca por solução diplomática
Embora o Brasil tenha sido mais reticente em relação à guerra na Ucrânia, limitando-se a pedir “uma solução diplomática que respeite os princípios e objetivos da Carta das Nações Unidas“, a reunião dos Brics foi marcada por um anúncio surpresa do presidente russo de uma trégua de três dias, de 8 a 10 de maio.
A resposta de Kiev foi um pedido para que Moscou concordasse “imediatamente” com um cessar-fogo “abrangente” por “pelo menos 30 dias”.
Fortalecimento do multilateralismo e desafios globais
O ministro Mauro Vieira destacou que o mundo enfrenta crises globais e regionais convergentes, como emergências humanitárias, conflitos armados, instabilidade política e a erosão do multilateralismo.
Nesse contexto, ele ressaltou que o papel do grupo Brics é mais vital do que nunca.
Além disso, mencionou que a reunião também foi ofuscada pela guerra comercial lançada por Donald Trump, que tem afetado negativamente a confiança do consumidor e levado muitas empresas a revisar suas previsões econômicas.
Moedas locais e redução da dependência do dólar
Em relação às transações comerciais, o Brasil tem buscado alternativas para reduzir a dependência do dólar.
O uso de moedas locais entre os países do Brics tem sido uma das estratégias adotadas.
O ministro Mauro Vieira afirmou que o uso de moedas locais nas relações comerciais internacionais pode ajudar a agilizar o comércio e reduzir custos.
No entanto, ele ressaltou que isso dependerá da responsabilidade dos países com relação às suas contas nacionais e do volume de comércio.
Preparativos para a cúpula dos Brics em julho
A reunião dos ministros das Relações Exteriores do Brics teve como objetivo preparar a cúpula dos chefes de Estado marcada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro.
Durante essa cúpula, espera-se que sejam discutidos temas como mudanças climáticas, com destaque para a COP30, marcada para novembro em Belém, na Amazônia brasileira.
O Brasil defende que os países ricos têm a “obrigação” de financiar a transição energética e espera que a reunião contribua para avançar nesse sentido.
Expansão do BRICS e fortalecimento do Sul Global
A recente expansão do BRICS de cinco para onze membros, decidida na cúpula de Joanesburgo em 2023, teve grande impacto na política internacional.
Além do Brasil, o grupo conta hoje com África do Sul, Arábia Saudita, China, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã e Rússia, como membros plenos.
Essa ampliação representa quase metade da população mundial, 39% do PIB global e metade da produção de energia no mundo, conferindo ao BRICS um papel fundamental na construção de uma ordem mundial mais justa, inclusiva e sustentável.