Um submarino europeu de última geração está prestes a lançar seu primeiro torpedo real em uma missão que promete abalar o equilíbrio naval do Atlântico
Ele foi criado para não ser visto — mas agora vai mostrar todo seu poder: o submarino europeu mais avançado do século XXI se prepara para lançar seu torpedo em uma missão real. Veja os detalhes dessa operação inédita!
Enquanto muitos países ainda dependem de acordos internacionais para manter sua presença naval, a Espanha se destaca com uma das maiores apostas tecnológicas de sua história militar: o submarino S-81 Isaac Peral. Projetado com foco em furtividade e ataque preciso, esse gigante silencioso está prestes a fazer algo inédito – disparar seu primeiro torpedo real como parte de um exercício de combate de alta intensidade.
Mas isso não é apenas um marco para a Armada Espanhola. É também um momento simbólico para a indústria de defesa do país, que mostra ao mundo do que é capaz quando une engenharia de ponta com autonomia estratégica.
Uma joia da engenharia naval espanhola
Desenvolvido pela empresa estatal Navantia, o S-81 é o primeiro de uma nova série de submarinos que compõem o ambicioso Programa S-80, um dos maiores projetos militares da Espanha no século XXI. Diferente de outras embarcações europeias, ele foi desenhado, construído e equipado 100% em solo espanhol, algo que poucos países no mundo conseguem realizar hoje.
O submarino mede 80,8 metros de comprimento, possui deslocamento de 3.000 toneladas e abriga um sistema de propulsão anaeróbia (AIP) inovador, que permite longos períodos de submersão sem depender de oxigênio externo. Essa tecnologia garante vantagem estratégica em missões de patrulhamento e espionagem.
Além disso, o Isaac Peral é equipado com sistemas de combate desenvolvidos em parceria com a norte-americana Lockheed Martin, o que o coloca entre os submarinos mais avançados da atualidade em termos de detecção, comunicação e poder de fogo.
Calibrando a máquina para a guerra silenciosa
No dia 12 de maio de 2025, o S-81 concluiu com sucesso o rigoroso processo de Calificação Operativa (CALOP), uma etapa crucial que valida sua capacidade de participar de missões reais. Durante os testes, o submarino foi avaliado em cenários diversos – desde simulações em porto até manobras de combate no mar, com apoio de fragatas, helicópteros e até do veterano submarino Galerna, que serviu como unidade de apoio e comparação.
A certificação foi coordenada pelo Centro de Avaliação para o Combate (CEVACO), que declarou o S-81 totalmente apto para operações de guerra. De acordo com informações divulgadas pela Armada Espanhola, o desempenho do submarino superou expectativas tanto no aspecto técnico quanto humano, consolidando sua importância estratégica.
Participação no Dia das Forças Armadas e operação real com torpedo
O Isaac Peral será uma das estrelas do Día de las Fuerzas Armadas 2025 (DIFAS), evento que acontece entre os dias 3 e 8 de junho em Las Palmas de Gran Canaria, com presença confirmada do Rei Felipe VI. Durante a cerimônia naval do dia 6 de junho, o submarino ficará ancorado ao lado de outras embarcações e aviões de combate, servindo como símbolo do poder naval espanhol.
Mas o momento mais aguardado vem logo depois.
Pela primeira vez, o S-81 será integrado ao Grupo de Combate Expedicionário Dédalo, em um exercício militar real chamado SINKEX. Essa simulação de guerra de alta intensidade envolve o lançamento de armas verdadeiras contra alvos navais desativados. E o protagonista será justamente o Isaac Peral: ele lançará seu primeiro torpedo real, que deve ser o responsável final por afundar o alvo.
O evento não servirá apenas para testar armamentos, mas também para treinar as táticas de combate em conjunto com outras forças, como as fragatas, aeronaves e até unidades de operações especiais da Armada.
Princesa Leonor e o futuro da marinha espanhola
Um detalhe curioso e simbólico da missão é a presença da Princesa Leonor, herdeira do trono espanhol, que acompanhará a fragata Blas de Lezo (F-103) durante os exercícios. Ela está em processo de formação militar e, segundo a Casa Real, vai aproveitar a operação para se familiarizar com a rotina de uma embarcação de guerra.
Esse tipo de exposição é visto como uma tentativa da monarquia de se conectar com a nova geração de militares e reforçar o apoio à Defesa Nacional.
Autonomia estratégica e orgulho nacional
O programa S-80 não é apenas um avanço tecnológico. É um recado claro da Espanha ao cenário global: o país quer mais protagonismo nas decisões estratégicas que envolvem o Atlântico e o Mediterrâneo. Ao construir seus próprios submarinos, com tecnologia nacional e produção interna, a Espanha se junta a um seleto grupo de nações com essa capacidade — como os Estados Unidos, França e China.
Em entrevista ao jornal El País, o almirante Antonio Piñeiro destacou que “o Isaac Peral representa não só um salto tecnológico, mas uma conquista de soberania industrial e militar.”
Além disso, o projeto reforça empregos qualificados em setores de alta tecnologia e exporta know-how para outros países interessados em submarinos modernos com menor pegada de carbono e maior eficiência energética.
Um marco para o futuro da guerra submarina
O lançamento do primeiro torpedo em situação real marca o início de uma nova era para a Armada Espanhola. Se o S-81 mantiver o desempenho mostrado nos testes, o submarino pode se tornar peça-chave não só na proteção do território marítimo espanhol, mas também em operações da OTAN, como patrulhamentos no Mediterrâneo ou missões de vigilância no Atlântico.
O mundo está entrando em uma fase de reconfiguração geopolítica e os oceanos são parte essencial dessa disputa. Ter um submarino como o Isaac Peral é mais do que uma vantagem — é uma necessidade estratégica.