Veja com anda a mente dos militares na intervenção e cidadãos comuns no RJ. Transcrição de alguns depoimentos.
Um morador de comunidade considerada muito perigosa em Niterói – RJ
“Amigo, eu sou um homem honesto, trabalho. Tenho nojo desses caras… não denuncio onde fica a boca, onde esses garotos se escondem… sabia que aqui TODOS os mototaxistas tem que carregar droga? Se negar cresce desconfiança então é melhor parar de trabalhar… Não denuncio pelos telefones da vida porque não dá pra confiar em ninguém. Se a polícia, os comandantes deles e até gente do BOPE é preso de vez em quando por que recebe arrego de marginais quem garante que esses caras da polícia não vão me entregar pros traficantes? … Não tem essa de anonimato… sempre dá pra rastrear… eu tenho família… o governador é corrupto, ele é que indica os comandantes da PM… os vice-comandantes viam a corrupção e ficaram quietos… como podemos confiar? Quem é confiável?… Tem que trocar todo mundo que está no comando dessa porrx…e ruim deu (sic) falar algo.. boca fechada não entra mosca… e vou vivendo… é isso”
Um militar da MB na graduação de 1ºSG, que já atuou nas operações GLO e pode ser acionado a qualquer momento.
“infelizmente a gente não tem poder para fazer as coisas direito. O maior medo certamente não é o enfrentamento… estamos com tanta raiva desses marginais que queremos é que se atrevam… fica mais fácil eliminar esses vermes… o medo é o de ficar anos respondendo na justiça comum ou militar. Somos vigiados todo o tempo pelos celulares da população, que não vigia os criminosos da sua comunidade… que seduzem seus filhos e filhas. Guerreiro, o correto seria executar o chamado pente fino, revistar tudo e todos que entram e saem… colocar um bloqueador de celular pra funcionar na hora que a gente estivesse chegando… O EB tem… to cagando pras reclamações…Você é de mara… sabe que a gente resolve quando precisa… é só ficar sufocando a comunidade por vários dias. Assim os vermes teriam que botar a cara e seriam logo pegos… se precisar meter o pé na porta da casa deles ou de onde se entocam… Mas, duvido… há mais coisa envolvida do que eu e você sabemos… eles são a doença e as vezes o corpo sofre para se curar a doença… o corpo é a sociedade… se não fizermos isso agora não sei se poderá ser feito depois… ”
Morador de condomínio de classe média, divisa com favela
“Sim, temos medo… das invasões… pulavam o muro e o segurança que reprimir corre o risco de morrer la fora… ficamos livres com uma providência simples. Dia das crianças, natal e outras datas a gente envia brinquedos e ou cestas básicas para a associação de moradores ou dá para um membro influente da comunidade distribuir por lá. A gente paga pela nossa paz além dos altos impostos que pagamos… aqui não tem milionário. Tem gente como eu, que foi peão e agora tem uma loja de material. Trabalhei e ainda trabalho muito… sinto dizer, mas acho que se a associação de moradores fosse comandada por gente honesta não receberia esse tipo de doação mancomunada com os criminosos… ”
Muro nos fundos do condomínio citado. Google maps
Ex-militar do EB, jornalista, morador da Tijuca
“Acho que deveriam decretar estado de defesa. do jeito que esta isso não vai funcionar. A intervenção tinha que ser convocada pelo povo pelo artigo 1 pra começar fechando os partidos e prendendo os políticos. Intervenção convocada por presidente corrupto e isso ai, um grande circo midiático e plataforma pra sua campanha eleitoral. Desgastando as imagens das forcas armadas…”
Universitário da UFF (Niterói)
“como esses caras da UERJ, penso que essa intervenção é jogada eleitoral do presidente, mas o que interessa no exato momento é que dê certo, que se dê condições para os militares fazerem as coisas direito… acho que manifestação e manifestozinho de professores daqui e de lá é outra jogada eleitoral, de gente que critica mas faz a mesma coisa… Sem eles (os militares) estava uma merda… me parece uma ótima oportunidade para o Rio sair dessa situação. O Temer não será reeleito com ou sem intervenção de militares… ele está desgastado… e isso (Michel Temer) pra mim é assunto de segunda categoria… no momento a minha vida, minha integridade são as coisas que tem prioridade.”
Funcionário de mercado
“Semana passada vieram aqui, dois desarmados, encheram um carrinho com cerveja, carne, essas coisas. No caixa disseram que era pro aniversário do dono da comunidade… chamaram o gerente e ele mandou deixar levar… é assim, que funciona.“
Coronel do Exército (ativa, texto publicado no site)
“… Se a situação de insegurança é considerada anormal, o que provoca a chamada dos militares para atuar na GLO contra o crime organizado no Rio de Janeiro, não se pode atacar esse grave problema utilizando a legislação de um estado de normalidade. E os remédios para combater essa gravíssima doença estão previstos nos artigos 136, 137 e seguintes da nossa Carta maior: o estado de defesa e o estado de sítio… cabe-nos entender que o crime organizado é uma ameaça não só à segurança pública, mas à própria segurança nacional. … em situações excepcionais, a sociedade precisa abrir mão de alguns direitos e garantias em troca de mais segurança. É chegada a hora, portanto, de fortalecer o Estado por intermédio das autoridades constituídas…”