De acordo com o relatório anual do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) — Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo — o gasto militar global total em 2022 aumentou em 3,7% em relação a 2021, atingindo um novo recorde de US$ 2,240 trilhões.
Esse aumento nos gastos militares é impulsionado principalmente pelo aumento dos orçamentos de defesa em países como os Estados Unidos, a China, a Rússia, Ucrânia e vários países europeus.
Os Estados Unidos continuam a ser o maior gastador militar do mundo, com um orçamento de defesa de US$ 778 bilhões em 2022. Isso representa um aumento de 4,4% em relação a 2021.
A China é o segundo maior gastador militar, com um orçamento de US$ 292 bilhões em 2022, um aumento de 4,2% em relação a 2021. Outros grandes gastadores militares incluem a Rússia, com um orçamento de US$ 86,4 bilhões em 2022, e a Índia, com um orçamento de US$ 81,4 bilhões em 2022.
Esse aumento nos gastos militares deve-se sobretudo ao agravamento da corrida armamentista global, aumentando o número de conflitos em andamento e a redução dos recursos disponíveis para outras áreas, como saúde, educação e desenvolvimento econômico.
Gastos militares na Europa Central e Ocidental
É preocupante observar que os gastos militares na Europa Central e Ocidental continuam a aumentar em termos reais. Embora haja razões legítimas para que os estados europeus desejem aumentar seus gastos militares, especialmente considerando a crescente agressividade da Rússia na Ucrânia.
Os gastos militares dos estados da Europa Central e Ocidental chegaram a US$ 345 bilhões em 2022, superando, pela primeira vez, os números de 1989, quando a Guerra Fria estava terminando, sendo 30% maiores do que em 2013. Devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, muitos países aumentaram seus orçamentos militares, enquanto outros anunciam planos de aumento dos níveis de gastos por períodos de até uma década.
Aumento de gastos militares da Rússia
O aumento dos gastos militares russos em 2022 é talvez o maior motivo de preocupação, os gastos militares russos cresceram, segundo estimativa, cerca de 9,2% em 2022, para cerca de US$ 86,4 bilhões. Isso foi equivalente a 4,1% do produto interno bruto (PIB) da Rússia em 2022, acima dos 3,7% do PIB em 2021.
Gastos militares da Ucrânia
O aumento drástico dos gastos militares da Ucrânia em 2022, por sua vez, é compreensível, dado o conflito armado em curso em seu território. Os gastos ucranianos chegaram à marca de US$ 44,0 bilhões em 2022, representando aumento de 640%, o maior em um único ano nos gastos militares de um país já registrado nos dados do SIPRI.
Gastos militares na Ásia e Oceania
É interessante notar o aumento contínuo dos gastos militares na região da Ásia e Oceania, liderado pela China e Japão. A China tem experimentado um aumento significativo nos gastos militares nas últimas décadas, mantendo-se como o segundo maior gastador militar do mundo, em 2022. No ano passado, a China alocou cerca de US$ 292 bilhões. Isso foi 4,2% a mais do que em 2021 e 63% a mais do que em 2013.
Os gastos militares da China aumentaram por 28 anos consecutivos. Esse crescimento pode ser atribuído à modernização das forças armadas chinesas e à ambição de estabelecer uma presença militar mais forte na região.
O Japão, por outro lado, tem uma história de pacifismo, desde o final da Segunda Guerra Mundial, mas a nova estratégia de segurança nacional do país indica uma mudança em direção a uma postura militar mais forte.
Os gastos militares do Japão aumentaram 5,9% entre 2021 e 2022, chegando à marca de US$ 46 bilhões, ou 1,1% do PIB. Trata-se do nível mais alto de gastos militares japoneses desde 1960. Uma nova estratégia de segurança nacional publicada em 2022 estabelece planos ambiciosos para aumentar a capacidade militar do Japão na próxima década em resposta às crescentes ameaças percebidas da China, Coreia do Norte e Rússia.
Isso pode ser uma resposta às tensões crescentes na região, especialmente com a China e a Coreia do Norte. É importante observar que a política de segurança nacional do Japão ainda enfatiza a importância da diplomacia e da cooperação internacional, mesmo enquanto aumenta sua capacidade militar.