Material publicado no site do Ministério da Defesa sobre relações internacionais pretende resumir a política adotada pelo Estado brasileiro no cenário atual e acaba dando indicações de como deve ser a “política externa” das Forças Armadas Brasileiras em relação aos militares das Forças Armadas da Argentina. (*)
A manutenção da estabilidade regional e a construção de um ambiente internacional mais cooperativo, de grande interesse para o Brasil… (*)
Segundo a comunicação, a ordem multipolar, caracterizada pela coexistência de potências tradicionais e potências emergentes, traz consigo novas oportunidades e desafios às nações no plano da defesa.
Embora o diálogo, a cooperação, a ênfase no multilateralismo e o respeito ao direito internacional continuem a ser atributos importantes e desejáveis, a recomposição do sistema em base multipolar não é, por si só, suficiente para garantir que, no atual quadro de transição, prevaleçam relações não conflituosas entre os Estados.
Nesse contexto, o Brasil vê em sua política de defesa e em sua vocação para o diálogo componentes essenciais para sua inserção afirmativa e cooperativa no plano internacional.
As ações internacionais do Ministério da Defesa se dão por meio de:
- atuações em missões de paz;
- de iniciativas em parceria com outros órgãos federais, no caso da política externa e Defesa;
- das cooperações Internacionais;
- da participação em fóruns internacionais multilaterais; e
- de parcerias e acordos bilaterais.
LOS HERMANOS, TODOS
O Brasil desenvolve parcerias estratégicas com nações de todos os continentes, em diferentes áreas de atuação da Defesa. As atividades abrangem desde o intercâmbio em escolas militares até discussões importantes sobre segurança internacional, permeando um amplo leque de temas de interesse.
Por meio de parceira com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), diversas ações de cooperação foram empreendidas. O Exército Brasileiro, por exemplo, viabilizou cursos de treinamento regulares para cerca de 90 militares latino-americanos e africanos.
Nesses cursos, oficiais e suboficiais de nações amigas puderam receber conhecimentos específicos da experiência militar brasileira.
No âmbito da Marinha, uma iniciativa de destaque foi o apoio na formação da Marinha de Guerra da Namíbia – cerca de 1,2 militares africanos foram treinados no Brasil pela Força Naval.
Já a Força Aérea Brasileira (FAB) tem mantido há mais de três décadas, com o Paraguai, sua mais antiga missão cooperativa no exterior: a Missão Técnica Aeronáutica Brasileira (MTAB), instalada em 1982.
ARGENTINA
Em agosto deste ano, a Prefeitura Naval da Argentina (órgão vinculado ao Ministerio de Seguridad – o equivalente brasileiro do Ministério da Justiça) participou de reunião do Comando de Operações Marítimas de Proteção da Amazônia Azul (COMPAAz) da Marinha do Brasil.
O objetivo foi discutir questões relacionadas aos sistemas de monitoramento de ambas as Autoridades Marítimas.
Durante o evento, do qual participaram representantes do órgão argentino e o oficial de ligação da Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil, foram discutidos temas relacionados à monitorização e controle do tráfego e dos espaços marítimos pertencentes a cada país.
Esta situação contribuirá para que os sistemas SISTRAM e da Guarda Costeira possam partilhar informações de tráfego marítimo de interesse mútuo.
Além disso, com a Argentina, entre muitas outras parcerias e colaborações podemos citar:
- Estudos para aprimoramento conjunto do setor de defesa cibernética;
- Intercâmbio de pessoal em cursos de guerra cibernética;
- Apoio à operação brasileira na Antártica;
- Entendimentos para o desenvolvimento de um VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) regional, com a definição conjunta das características do equipamento;
- Desenvolvimento do projeto KC-390, que irá substituir os aviões Hércules e tem na indústria argentina importante fornecedor de peças e componentes na fabricação da aeronave;
- Interesse argentino pelo blindado Guarani, novo carro de combate brasileiro; entre outras.
Texto de JB Reis – Revista Sociedade Militar
(*) Trecho alterado pelo editor