Maduro reativa milícia para consolidar poder e enfraquecer forças armadas
Nicolás Maduro anunciou a reativação dos chamados corpos de combatentes da classe operária, uma milícia formada por trabalhadores armados de empresas públicas na Venezuela. A decisão foi divulgada em 17 de dezembro de 2024, durante um evento em homenagem ao legado de Simon Bolívar. A informação foi divulgada pelo canal Hoje no mundo militar, a ideia central do autor explora como regimes autoritários criam exércitos paralelos e milícias particulares para garantir lealdade, sufocar oposição política, manter o controle interno e projetar uma imagem de apoio popular — mesmo quando enfrentam crises políticas e instabilidade. Segundo Maduro, o grupo tem a missão de defender a paz, a produção e a soberania do país em momentos de crise.
A medida surge em um contexto de crescente desconfiança entre o regime e as forças armadas regulares, que sofrem com deserções e baixo moral. Após as eleições de 2024, marcadas por acusações de fraude, a repressão contra opositores se intensificou, resultando em mais de 2.000 prisões. Esse cenário levou Maduro a apostar na criação de forças paralelas leais ao governo.
Qual o papel dessas milícias na estabilidade do governo Maduro?
Os corpos de combatentes servem como instrumento político e militar para consolidar o poder do ditador. Além de agirem como extensão do aparato repressivo, essas milícias intimidam adversários internos e externos. A dependência econômica dos integrantes em relação ao governo fortalece a lealdade ao regime e reduz os riscos de deserções.
Essas forças também funcionam como propaganda, projetando uma imagem de apoio popular. Armados e organizados, os combatentes mostram ao mundo uma suposta unidade nacional, enquanto, nos bastidores, o regime enfrenta fragilidades internas e desconfiança dentro do próprio exército.
A estratégia de Maduro pode prevenir golpes militares?
A criação dessa força paralela reforça o controle do governo sobre setores estratégicos e busca evitar tentativas de golpe de Estado, como a Revolução dos Cravos, em Portugal, em 1974. Maduro tenta diminuir sua dependência das forças armadas tradicionais, transferindo parte do poder militar para grupos diretamente subordinados a ele.
Com essa estratégia multifacetada, a Venezuela aprofunda o modelo de repressão e vigilância para garantir a manutenção do poder. No entanto, especialistas apontam que a fragilidade estrutural do regime e a crise política contínua mantêm o país sob tensão.