Um caderno com instruções militares encontrado no corpo de um soldado norte-coreano morto na região de Kursk, na Ucrânia, revelou detalhes surpreendentes sobre as táticas usadas pelas forças da República Popular da Coreia (RPDC) no conflito. Segundo o site MilitarNYI, as notas descrevem métodos rudimentares para abater drones FPV, incluindo o uso de soldados como “isca viva”, e estratégias básicas para sobreviver a bombardeios de artilharia.
As Forças de Operações Especiais da Ucrânia divulgaram imagens do caderno em suas redes sociais. O soldado Gyong Hong Jong anotou, entre outras coisas, uma técnica para interceptar drones utilizando uma equipe de três soldados. De acordo com as instruções, um deles deveria atrair o drone ao ficar parado no campo de visão, enquanto os outros dois tentavam abatê-lo a uma distância de 10 a 12 metros.
“Ao detectar um drone, você precisa criar uma equipe de três homens (3 pessoas), com aquele que atrai o drone mantendo uma distância de 7 metros, e aqueles que atiram – 10-12 metros. Se a pessoa que atrai ficar parada, o drone também parará de se mover. Neste ponto, aquele que atira eliminará (o drone)”, diz a nota.
As anotações também incluíam orientações básicas para infantaria em caso de bombardeios de artilharia. As instruções sugerem a dispersão em pequenos grupos e indicam que soldados podem se esconder temporariamente no ponto onde a artilharia já atingiu, pois seria improvável que novos disparos fossem direcionados ao mesmo local.

Especialistas ainda avaliam se as táticas descritas no caderno são autênticas da RPDC ou adaptações feitas em colaboração com os russos. Apesar disso, vídeos divulgados por operadores de drones ucranianos mostram decisões táticas incomuns de soldados norte-coreanos, como se manterem imóveis na frente de drones ou tentarem abatê-los em grupos, muitas vezes sem sucesso.
O caderno evidencia um estilo de combate considerado ultrapassado. Segundo MilitarNYI, as unidades norte-coreanas na região de Kursk utilizam grandes grupos de infantaria em terreno aberto, uma estratégia que tem resultado em perdas significativas. As movimentações desconsideram o impacto das pequenas aeronaves não tripuladas, o que leva ao acúmulo de tropas em áreas expostas antes dos ataques.