Em uma entrevista exclusiva ao canal Segurança e Defesa TV em parceria com a RSM, o ex-Cabo Vitório da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), atual presidente da Federação Nacional das Praças Estaduais, trouxe à tona questões alarmantes sobre a saúde mental dos policiais do DF e denunciou práticas questionáveis dentro da corporação.
Vitório destacou um dado preocupante: em 2024, houve 10 casos de suicídio entre policiais militares do DF, um número sem precedentes. Este aumento drástico contrasta com o ano anterior, 2023, quando não houve registros de suicídios na corporação.
“É uma situação muito triste. Saímos de 2023 com zero suicídio, e entramos no ano de 2024 já acontecendo um fato que marcou muito”, afirmou Vitório.
O ex-policial apontou a falta de efetivo como um dos principais problemas enfrentados pela PMDF. Segundo ele, o DF deveria contar com 18 mil policiais desde 2009, mas atualmente possui apenas cerca de 9.500 policiais em serviço.
“O policial vive hoje, na folga dele, uma crise de ansiedade. Todo momento você tem que ficar com o WhatsApp ligado, telefone ligado e chegando escalas”, explicou.
Vitório fez sérias acusações contra a alta cúpula da PMDF, incluindo:
- Fura-fila na vacinação contra COVID-19 por parte de oficiais superiores
- Tratamento desumano na junta médica para policiais em tratamento psiquiátrico
- Tentativa de troca de uniformes durante a pandemia, supostamente beneficiando empresas ligadas a coronéis
Recentemente, Vitório realizou um protesto simbólico, acorrentando-se em frente ao Comando-Geral da PMDF. O ato visava chamar atenção para as condições de trabalho e saúde mental dos policiais.
“Ali era muito simples, a corrente, isso daí está preso no militar, o militar trabalha hoje com toda uma bola de ferro do Estado em cima dele”, explicou sobre o simbolismo do protesto.
Resultados e Próximos Passos
O protesto parece ter surtido efeito inicial. Segundo Vitório, o governador do DF já tomou medidas para incluir os policiais militares no GDF Saúde, um plano de saúde para servidores públicos.
A Federação Nacional das Praças Estaduais, presidida por Vitório, defende a desmilitarização das forças de segurança estaduais, argumentando que as atuais estruturas são incompatíveis com os princípios de uma constituição cidadã.
As denúncias e reivindicações apresentadas por Vitório lançam luz sobre problemas sérios enfrentados pelos policiais militares do DF. A situação demanda atenção urgente das autoridades e da sociedade, visando melhorar as condições de trabalho e saúde mental desses profissionais essenciais para a segurança pública.