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Após os comandantes das três Forças Armadas reivindicarem mais recursos, o parlamentar questionou: ‘Ministro, a democracia quase desabou. E as Forças estavam onde?’

por Sociedade Militar 22/01/2025
Após os comandantes das três Forças Armadas reivindicarem mais recursos, o parlamentar questionou: ‘Ministro, a democracia quase desabou. E as Forças estavam onde?’

Os comandantes das Forças Armadas pediram, em audiência pública na Câmara dos Deputados, maior investimento em projetos estratégicos que assegurem a soberania do Brasil. Eles ressaltaram a urgência em evitar a interrupção desses programas e a obsolescência de equipamentos fundamentais para a Defesa Nacional.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, participou da audiência, organizada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional. Ele endossou a necessidade de recursos mais previsíveis e propôs que os investimentos em Defesa sejam ampliados para 2% do Produto Interno Bruto (PIB), frente ao atual 1,1%.

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Os ataques de 8 de janeiro levantaram questionamentos sobre o papel das Forças Armadas nos atos contra a democracia

Durante a sessão, parlamentares questionaram o ministro sobre a atuação dos Comandantes das Forças Armadas nos ataques às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro. A deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) criticou a postura do ministro José Múcio Monteiro em relação às manifestações em frente aos quartéis, que antecederam os atos de vandalismo. Já o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) destacou que os eventos abalaram a confiança da população nas Forças Armadas.

José Múcio respondeu que as manifestações foram consideradas democráticas pela Justiça até o ataque. Ele enfatizou a necessidade de despolitizar as Forças Armadas e abordou a polarização política no país.

Avanço dos projetos estratégicos

Os líderes militares apresentaram os projetos prioritários. O brigadeiro Marcelo Damasceno, da Aeronáutica, destacou iniciativas como a construção das aeronaves KC-390 e F-39, além do Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (Pese), voltado a satélites.

O general Tomás Paiva, comandante do Exército, mencionou o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron), que sofreu atrasos devido ao recebimento de apenas 20% do orçamento planejado. Ele alertou para os riscos da obsolescência tecnológica e citou desafios, incluindo competição entre potências, dependência tecnológica e questões climáticas.

O almirante Marcos Olsen, da Marinha, apontou que, sem novos investimentos, 40% dos equipamentos estarão desativados até 2028. Ele reforçou a necessidade de modernização para evitar custos elevados com manutenção e a descontinuidade de peças de reposição.

Discutiu-se a sustentabilidade orçamentária e o planejamento das Forças Armadas

José Múcio alertou que o orçamento da Defesa depende do direcionamento político do governo e pediu a criação de um patamar mínimo para evitar o sucateamento do patrimônio militar.

O deputado Ricardo Salles (PL-SP) criticou projetos como o submarino nuclear e o satélite brasileiro, sugerindo que esses recursos poderiam beneficiar áreas como saúde e educação. Por outro lado, Carlos Zarattini (PT-SP) defendeu a inclusão desses gastos no Plano Plurianual (PPA) e na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), garantindo a continuidade dos projetos estratégicos.

O ministro da Defesa destacou que o setor exige planejamento detalhado e enfatizou o papel social das Forças Armadas em ações como a Operação Acolhida e campanhas de vacinação. Ele pediu apoio para assegurar a execução dos projetos que garantem a soberania e a segurança do Brasil.