O desenvolvimento do obuseiro autopropulsado de 155 mm ‘Tupã’, projetado pela Avibras, representou um importante passo na busca por soluções nacionais de defesa. Criado para oferecer ao Exército Brasileiro uma alternativa moderna e eficiente de artilharia de longo alcance, o “Tupã” das forças armadas destacava-se por sua alta mobilidade, precisão e integração tecnológica avançada. Embora o projeto não tenha chegado à fase operacional, ele deixou um legado valioso para a indústria de defesa nacional.
Ao mesmo tempo, o Exército Brasileiro lançou um programa para a aquisição de 28 viaturas blindadas obuseiro autopropulsadas de 155 mm. Após um processo de licitação, o sistema ATMOS, desenvolvido pela israelense Elbit, foi escolhido. Contudo, o projeto brasileiro “Tupã” poderia ter sido uma forte alternativa, aproveitando a expertise local e a infraestrutura já consolidada da Avibras, uma das maiores fabricantes do setor no país.
Tecnologia e especificações do projeto Tupã do Exército Brasileiro
O “Tupã” foi apresentado em 2013 e 2014 na exposição internacional Eurosatory, na França, com o objetivo de demonstrar a capacidade da Avibras de oferecer uma solução nacional inovadora. O projeto era baseado no sistema de artilharia CAESAR, integrado ao chassi do veículo Tatra T815, com tração 6×6. Esse veículo fazia parte da reconhecida família de plataformas Astros Mk6, famosa por sua robustez e mobilidade em diferentes cenários operacionais.
O canhão de 155 mm do “Tupã” possuía capacidade para disparar projéteis a uma distância superior a 40 km, dependendo do tipo de munição utilizada. O sistema era compatível com munições de alta precisão, guiadas por GPS, aumentando a eficiência no campo de batalha. Além disso, contava com carregamento automatizado, o que aumentava a cadência de tiro e melhorava a segurança da tripulação, reduzindo sua exposição durante operações de combate.
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Outro ponto forte do “Tupã” era a integração completa ao sistema de comando e controle C2 e aos sistemas meteorológicos do Astros 2020, o que permitia ao Exército Brasileiro operar de maneira mais coordenada e precisa. Esse sistema também se conectava a redes de vigilância, fornecendo informações em tempo real sobre as condições do campo de batalha, facilitando a tomada de decisões estratégicas.
A mobilidade do obuseiro “Tupã” era essencial para o contexto operacional brasileiro. O veículo foi projetado para operar em terrenos variados e podia ser rapidamente reposicionado em situações de combate, garantindo uma resposta ágil e eficaz. Essa versatilidade seria fundamental em regiões de difícil acesso e grande extensão territorial, como a Amazônia e o Cerrado.
Por que o projeto Tupã foi cancelado?
Apesar de seu grande potencial, o projeto “Tupã” enfrentou diversos desafios que impediram sua continuidade. Entre os principais motivos para o cancelamento estão as dificuldades financeiras enfrentadas pela Avibras, a falta de apoio estratégico e a ausência de um investimento consistente a longo prazo por parte das autoridades. Sem os recursos necessários para avançar no desenvolvimento e consolidação do sistema, o projeto foi descontinuado, deixando espaço para a adoção de soluções estrangeiras.
O Exército optou pelo sistema ATMOS, da empresa israelense Elbit, por ser uma plataforma mais consolidada e pronta para uso imediato. O ATMOS é um sistema modular de artilharia autopropulsada, também equipado com um canhão de 155 mm. Sua alta mobilidade e a tecnologia de controle de tiro avançada foram fatores determinantes para a escolha. No entanto, essa decisão reforça a dependência do Brasil em relação a fornecedores internacionais, enfraquecendo a indústria nacional de defesa.
Oportunidades e desafios para a indústria de defesa nacional
A história do obuseiro “Tupã” traz à tona um problema crônico enfrentado pela indústria de defesa brasileira: a falta de uma estratégia clara e de investimentos de longo prazo. O Brasil possui capacidade técnica e infraestrutura para desenvolver sistemas de defesa de ponta para as forças armadas, mas frequentemente esbarra em questões financeiras e políticas públicas inconsistentes.
Investir na indústria nacional de defesa fortalece a soberania e gera empregos, fomenta a inovação tecnológica e coloca o Brasil em uma posição mais competitiva no mercado internacional. Projetos como o “Tupã” poderiam ter consolidado o país como um importante player no setor, reduzindo a dependência de tecnologias estrangeiras e fortalecendo as Forças Armadas.
O caso do “Tupã” deve ser um alerta para a importância de priorizar a produção nacional. Com uma estratégia de longo prazo e o apoio adequado, o Brasil tem potencial para desenvolver soluções inovadoras e exportar tecnologia militar para o mundo, posicionando-se como uma referência no setor de defesa.
Fonte: Gigantes dos Mares ( youtube)