A guerra na Ucrânia já virou uma máquina de moer tanto soldados quanto equipamentos. Não existe estoque suficiente de nada. Tudo o que o Ocidente envia — de munição a veículos blindados — é consumido em meses ou até semanas.
A realidade é dura: se a Ucrânia quer continuar resistindo, precisa de suprimentos constantes e em larga escala. Mas, entre tudo que é necessário, algumas coisas são ainda mais urgentes. A Revista Sociedade Militar ouviu especialistas para saber o que os ucranianos mais estão precisando nesse momento que é o mais decisivo desde o começo do conflito.
Defesa Aérea: sem isso, todo o resto é alvo fácil
De acordo com especialistas, a Rússia vem bombeardeando infraestrutura crítica e posições militares ucranianas de forma incansável. A única maneira de conter isso é sobretudo com mais sistemas de defesa aérea.
- Sistemas Patriot e mísseis: A Ucrânia precisa de mais desses sistemas urgentemente, porque cada um deles pode ser a diferença entre uma cidade intacta e um buraco no chão.
- SPAAGs (armas antiaéreas autopropulsadas): Derrubar drones e caças russos virou prioridade absoluta. Sem isso, os soldados em terra ficam praticamente indefesos.
O Ocidente mandou alguma coisa, mas não o suficiente. Os estoques ocidentais de mísseis já estão no limite. Pior, convencer alguns países a ceder mais é um pesadelo político.
Mísseis e artilharia: guerra moderna se ganha à distância
De acordo com militares, a Ucrânia não pode atacar os centros de comando russos sem mísseis de longo alcance. Isso significa que:
- Mísseis de cruzeiro como o Taurus seriam fundamentais. Mas alguns países (como a Alemanha) hesitam em enviá-los por medo de escalada do conflito.
- Projéteis de 155 mm e 152 mm são absolutamente necessários para manter a artilharia operando. E a produção mundial está tentando acompanhar a demanda, mas não consegue produzir rápido o suficiente.
- A guerra virou uma disputa entre quem fica sem munição primeiro. A Rússia tem produção local e apoio do Irã e da Coreia do Norte. A Ucrânia depende da boa vontade do Ocidente.
Tanques e veículos blindados: o que chega não dá conta
Na guerra da Ucrânia, blindados ucranianos são destruídos ou danificados em um ritmo absurdo.
- Os Leopard 2 e Challenger foram um avanço, mas não são infinitos.
- Cada veículo blindado de infantaria destruído significa mais soldados a pé, vulneráveis e cansados.
- Além disso, os tanques ocidentais exigem manutenção complexa e peças que nem sempre estão disponíveis. Diferente dos T-72 russos, que podem ser reparados quase no campo de batalha, um Leopard 2 precisa de logística europeia para voltar a operar.
Infantaria: soldados precisam de tudo, desde visão noturna até rações
Esqueça a ideia de que só tanques e aviões fazem diferença. Os soldados na linha de frente precisam sobretudo de equipamento básico para simplesmente sobreviver:
- Visão noturna: No combate moderno, quem enxerga no escuro vence. E a Rússia vem usando cada vez mais táticas noturnas.
- Bloqueadores de drones: Drones russos fazem reconhecimento e ataques constantes. Quem não tem bloqueador, morre sem saber o que aconteceu.
- Suprimentos médicos: Torniquetes, macas, bandagens. Sem isso, os feridos morrem antes receberem resgate.
- E nem se fala em roupas, botas e comida. O frio na Ucrânia é brutal. Manter os soldados minimamente equipados já é sobretudo um desafio.
A guerra se ganha com logística – E na Ucrânia tudo está no limite.
A guerra não é só sobre soldados e táticas. É sobre quem consegue manter o fluxo de suprimentos mais eficiente e constante.
O problema, de acordo com especialistas, é que o Ocidente está ficando cansado. Cada pacote de ajuda militar precisa vencer resistência política interna. Além disso, a produção de armas não acompanha a demanda. Mísseis e projéteis levam tempo para serem fabricados. A Ucrânia, no entanto, os gasta mais rápido do que recebe.
Para piorar, a Rússia tem aliados dispostos a mandar armas sem burocracia. O Irã e a Coreia do Norte não precisam passar por aprovações no Congresso antes de enviar drones e projéteis.
A verdade é que a Ucrânia precisa de tudo, o tempo todo, e nunca o suficiente. A guerra na Ucrânia é um jogo de resistência, e se o fluxo de suprimentos desacelerar, o campo de batalha sentirá imediatamente.