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Intervenção dos EUA no Brasil? A realidade por trás dos rumores e como as Forças Armadas reagiriam

Como os militares brasileiros reagiriam a uma intervenção armada dos Estados Unidos no Brasil

por Robson Augusto
11/03/2025
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Intervenção americana trump e General Tomás Miné - imagem montada por IA

Intervenção americana Trump e General Tomás Miné - imagem montada por IA

Nas últimas semanas, especulações sobre uma possível intervenção dos Estados Unidos no Brasil têm ganhado força entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. A teoria, que tem sido amplificada pela possibilidade de sanções americanas contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e por postagens em redes sociais de personalidades conhecidas, incluindo políticos, sugere que os EUA poderiam agir diretamente contra autoridades brasileiras. Alguns, como senador Marcos do Val, acreditam em uso de forças armadas e outros enxergam a possibilidade de uso de tribunais penais internacionais.

A origem dos rumores

A tese de uma suposta intervenção ganhou força após discussões sobre sanções contra Moraes com base no Global Magnitsky Act, legislação americana que permite penalidades contra indivíduos acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. Para parte dos apoiadores de Jair Bolsonaro, essa movimentação seria um passo para ações mais incisivas contra o ministro e até mesmo contra o atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.

O Senador Marcos do Val é adepto da teoria de que Moraes pode ser preso por ordem de um tribunal internacional. No senado, em 11 de novembro de 2024, ele disse “… E, por azar do Alexandre de Moraes, ele ainda pegou um novo governo que vai entrar nos Estados Unidos, em que, além de os Estados Unidos fazerem parte como membro permanente da ONU – olhem que azar! –, os Estados Unidos também são membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Nossa senhora! É daí que vai partir a denúncia! É daí que vai partir a denúncia para o tribunal criminal internacional contra o Alexandre de Moraes. “Ah, mas há provas?” Muitas provas, desde o dia 8 de janeiro até hoje, excessivas provas. Várias já estão sendo enviadas para mim, confirmando as denúncias que eu fiz desde o dia 18 de janeiro, dez dias depois do dia 8…“

Ainda não foi possível apurar com precisão, mas a quantidade de menções em redes sociais indica que não se trata mais de uma teoria de nicho, que de fato uma grande quantidade de pessoas já alimenta a ideia ou acredita que pode se tornar realidade.

Esperança em uma reação dos EUA contra autoridades brasileiras
Esperança em uma reação dos EUA contra autoridades brasileiras

Narrativas inflamadas e desinformação

As redes sociais tornaram-se o principal espaço para a difusão dessa narrativa. Uma postagem do perfil Notícias Paralelas, por exemplo, chegou a afirmar que o Congresso dos EUA teria autorizado uma ação militar para prender Lula e Moraes – uma alegação sem qualquer comprovação factual.

O deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança reforçou a teoria ao comparar a situação brasileira com a do Panamá em 1988, quando os EUA prenderam o ditador Manuel Noriega. O texto do parlamentar foi visualizado por 373 mil pessoas e gerou muitas reações de apoio e algumas críticas, uma delas formulada pelo jornalista Paulo Eneas, que classificou a ideia como ilusória e manipuladora.

Postagem sobre intervenção dos Estados Unidos
Postagem sobre intervenção dos Estados Unidos

Muitos seguidores manifestaram fé e apoio à declaração do parlamentar, como M. Souza, que disse: “Não vejo a hora disso acontecer aqui no Brasil. Levar o Moraes, Barroso, tofoli, Gilmar Mendes, Carmem Lúcia, flavio Dino, Lula, janja, gleice Hoffman, etc.”. Outro perfil, Eduardo Bxxxxx, disse: “Imagine os Seals saltando sobre Brasília, naquele lugar feio de merda, para buscar uma “artoridadi” do STF do Bostil? Depois ainda vira filme!”.

A realidade geopolítica: intervenção é improvável

Apesar do entusiasmo de alguns apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, a probabilidade de os EUA realizarem qualquer tipo de intervenção militar no Brasil é extremamente baixa. Nem mesmo em países onde Washington mantém uma postura abertamente hostil, como a Venezuela, houve ações desse tipo.

Em 2020, o governo Trump chegou a oferecer uma recompensa de US$ 15 milhões pela captura de Nicolás Maduro, acusado de narcotráfico. No entanto, nenhuma missão oficial foi realizada para prender ou remover o líder venezuelano do poder, mesmo diante das acusações e da forte oposição dos EUA ao seu governo. Se nem contra um regime que Washington considera ilegítimo os americanos intervieram militarmente, torna-se ainda mais improvável que o façam no Brasil, um país democrático e aliado estratégico.

Além disso, qualquer ação militar estrangeira no Brasil violaria tratados internacionais e desencadearia uma crise diplomática sem precedentes entre os dois países. A Casa Branca precisaria justificar tal ação para a comunidade internacional, algo altamente improvável.

Cenário prospectivo: e se mesmo contra todos os prognósticos uma intervenção dos EUA no Brasil ocorresse?

Vale considerar um cenário hipotético no qual os Estados Unidos enviassem uma unidade de operações especiais para capturar Alexandre de Moraes ou até mesmo Lula, em uma ação semelhante à que eliminou Osama Bin Laden no Paquistão em 2011. Lembrando que o terrorista em questão foi o mentor intelectual do maior ataque terrorista já registrado contra os Estados Unidos da América.

Caso esse tipo de intervenção ocorresse, a reação das Forças Armadas Brasileiras seria um fator determinante. Diferentemente de países com capacidade militar reduzida, como o Afeganistão ou a Somália, o Brasil possui um sistema de defesa muitíssimo bem estruturado, com forças treinadas para proteger de forma eficaz todo o território nacional.

Se uma equipe de operações especiais americanas tentasse entrar no Brasil clandestinamente para capturar uma autoridade, os militares brasileiros poderiam detectar a incursão e responder de forma rápida e eficaz. A Força Aérea Brasileira (FAB) possui sistemas de defesa aérea capazes de identificar aeronaves não autorizadas no espaço aéreo nacional, podendo interceptá-las bem antes do desembarque de tropas. A FAB dispõe atualmente de uma rede de 7.079 equipamentos em todo o país e somos umas das nações com o espaço aéreo melhor monitorado.

Necessário mencionar que aeronaves de transporte de tropas são ainda mais fáceis de ser detectadas dado a sua menor velocidade. Leva-se em consideração também que o STF e o Palácio do Planalto são situados em posição estrategicamente colocada no interior do território brasileiro. Brasília fica a quase 1000 quilômetros do litoral,  demandando um período de voo relativamente longo para lá chegar, facilitando a detecção.

Uma ação militar estrangeira contra autoridades brasileiras provavelmente aumentaria mais ainda a coesão entre as Forças Armadas e o governo, independentemente de qualquer tensão política interna, polarização ou conflitos ideológicos. A tradição militar brasileira é fortemente baseada no conceito de soberania nacional, o que tornaria qualquer tentativa de intervenção uma agressão inaceitável.

A ação integrada das Forças Armadas em torno da liderança do governo teria potencial de gerar um efeito contrário ao pretendido por apoiadores mais radicais de uma intervenção dos EUA no Brasil, resultando em um forte sentimento de unidade nacional, colocando de lado as divergências políticas internas em defesa da soberania do país.

Uma postagem no “x” feita pela Revista Sociedade Militar, mencionando um adestramento ministrado por militares brasileiros para militares dos EUA gerou forte reação nacionalista, com cerca de 8 milhões de visualizações e uma enxurrada de críticas contra a presença de militares estrangeiros se “familiarizando” com a floresta amazônica.

Postagem com 8 milhões de visualizações adestramento do Exército com militares dos EUA - nacionalismo
Postagem com 8 milhões de visualizações adestramento do Exército com militares dos EUA – nacionalismo

Outro ponto relevante é que, mesmo dentro do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, não há um posicionamento majoritário de que o atual presidente é ilegítimo. Muitos militares podem criticar o governo atual, mas dificilmente compactuariam com a ideia de tolerar uma invasão estrangeira no território nacional.

Internacionalmente, uma operação desse tipo poderia ser uma terrível gafe geopolítica, que aproximaria o Brasil das potências mundiais que hoje rivalizam com os Estados Unidos, como China e Rússia, que têm interesse de ocupar espaço na América latina, ainda considerada por muitos como sob o domínio norte-americano, além de ser, obviamente, ação condenada por praticamente toda a comunidade global.

Revista Sociedade Militar
Robson Augusto — O autor é militar Rrm, especialista em inteligência, cientista social e jornalista

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