A recente escalada de tensão entre Venezuela e Guiana ganhou novos contornos após um alerta direto emitido pelos Estados Unidos. O governo norte-americano advertiu Caracas contra possíveis ataques à região disputada de Essequibo e a instalações da empresa petrolífera ExxonMobil. Poucas horas depois, a resposta de Nicolás Maduro veio por meio de seu chanceler, Ivan Pinto, que declarou publicamente que o país “não aceita ameaças nem se rende a pressões externas”, reforçando a posição da Venezuela em defender seus interesses territoriais.
O chanceler ainda destacou que discursos agressivos não irão reescrever a história da região, historicamente reivindicada pela Venezuela. Segundo ele, o povo venezuelano tem o direito de decidir sobre o futuro de Essequibo, região rica em recursos naturais e palco de disputa entre os dois países há décadas. A fala ocorreu durante um pronunciamento oficial, no qual o governo Maduro voltou a afirmar que busca a paz, mas não irá abrir mão de sua soberania.
Durante a declaração, Ivan Pinto atacou diretamente o presidente da Guiana, Irfaan Ali, chamando-o de “Zelensky do Caribe” — em referência ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, frequentemente associado a alianças com o Ocidente em meio ao conflito com a Rússia. Para o governo venezuelano, a Guiana estaria se submetendo a interesses estrangeiros, especialmente os ligados ao complexo industrial militar dos Estados Unidos e às grandes corporações petrolíferas.
Caracas acusa os EUA de agirem em favor de interesses econômicos e desafia pressões militares na disputa por território com potencial energético
A situação em Essequibo se agravou nos últimos meses, à medida que Maduro intensificou sua campanha para anexar a região ao território venezuelano. Em diversas ocasiões, o líder bolivariano afirmou que o povo venezuelano deve ser consultado sobre o destino da área, reforçando o discurso de autodeterminação e desafiando a autoridade da Guiana sobre o território. A retórica nacionalista tem sido uma constante nos pronunciamentos do governo chavista, em especial diante da aproximação da Guiana com potências internacionais.
A tensão não se limita ao campo diplomático. Nos bastidores, a Venezuela tenta costurar apoios regionais, enquanto os Estados Unidos aumentam sua presença militar na área para dissuadir qualquer tentativa de incursão armada. A Guiana, por sua vez, mantém firme sua posição de que Essequibo faz parte integral de seu território, contando com respaldo da comunidade internacional para garantir sua integridade territorial.
Apesar da firmeza no discurso, Maduro afirma que a Venezuela deseja evitar confrontos diretos e busca soluções pacíficas. Ainda assim, acusa o governo guianês de provocar instabilidade ao permitir a exploração de petróleo por empresas estrangeiras em uma região cuja soberania está em disputa. Para Caracas, a presença da ExxonMobil configura uma ameaça à soberania venezuelana e uma tentativa de transformar a área em um “campo de batalha corporativo”.
Governo venezuelano reforça discurso soberanista e acusa a Guiana de entregar região estratégica ao domínio estrangeiro do petróleo
A disputa territorial remonta ao século XIX, mas voltou ao centro do debate após recentes descobertas de grandes reservas de petróleo em Essequibo. O interesse econômico sobre a região intensificou as tensões geopolíticas, especialmente após a Guiana firmar acordos de exploração com multinacionais. Isso motivou a Venezuela a adotar um tom mais agressivo e aumentar sua presença militar nas proximidades da fronteira.
A informação sobre os últimos desdobramentos foi divulgada pelo canal “Giro Militar”, que acompanha os conflitos internacionais e a evolução das táticas de guerra modernas. Em seu último boletim, o canal também destacou os avanços tecnológicos no uso de drones militares no conflito na Ucrânia, traçando paralelos entre a guerra tecnológica e os novos rumos da geopolítica sul-americana, cada vez mais marcada por interesses energéticos e estratégicos.
O Brasil, que faz fronteira com os dois países envolvidos no conflito, acompanha com preocupação o aumento da tensão na região. O governo brasileiro tem adotado uma postura diplomática cautelosa, reforçando sua defesa pela resolução pacífica de disputas territoriais e pela manutenção da estabilidade regional. Diante do acirramento dos discursos e da movimentação militar nos países vizinhos, Brasília intensificou o monitoramento da fronteira e mantém contato com organismos internacionais para evitar que o impasse escale para um conflito armado que possa afetar diretamente a segurança nacional.