O Brasil está avaliando um possível acordo de troca com a Índia que pode representar um marco na cooperação entre os dois países no setor de defesa. A proposta consiste na aquisição, por parte do Brasil, do caça leve indiano Tejas Mk1A, em contrapartida à escolha do cargueiro militar Embraer C-390M pela Força Aérea Indiana. O projeto está sendo considerado no contexto da concorrência aberta pela Índia para suprimento de 60 aeronaves de transporte médio, iniciativa que abre caminho para negociações de benefício mútuo.
De acordo com informações divulgadas por veículos especializados, o Brasil enxerga no Tejas Mk1A uma oportunidade de complementar sua atual frota de caças, que passa por um processo de modernização. A Força Aérea Brasileira (FAB) está comprometida em aposentar seus antigos Northrop F-5 Tiger II, em operação há décadas, e substituí-los por plataformas mais modernas, eficientes e com menor custo de operação.
Nesse processo de renovação, o Brasil já conta com a incorporação do Gripen E, caça de fabricação sueca com tecnologia de ponta e capacidade superior. Apesar disso, a FAB busca uma solução complementar para reforçar sua capacidade aérea com um modelo mais leve e econômico, voltado para missões que demandam agilidade e menores custos operacionais.
Tejas Mk1A surge como alternativa viável e econômica para complementar os caças Gripen na Força Aérea Brasileira
Produzido pela Hindustan Aeronautics Limited (HAL), o Tejas Mk1A é um caça de quarta geração equipado com sistemas de aviônicos modernos e radares desenvolvidos na própria Índia. Com um peso máximo de decolagem de 13,5 toneladas, ele se posiciona como uma alternativa leve ao Gripen E, que atinge 16,5 toneladas. Essa diferença torna o Tejas especialmente atrativo para operações em regiões com infraestrutura limitada, onde sua leveza e manobrabilidade representam vantagens operacionais.
A análise do Brasil leva em consideração o bom custo-benefício da aeronave indiana, que pode oferecer desempenho satisfatório em uma ampla gama de missões, reduzindo o custo por hora de voo da FAB e permitindo que o país mantenha uma frota mais diversificada, adequada a diferentes cenários de defesa.
Em paralelo, o governo brasileiro está empenhado em promover o cargueiro militar Embraer C-390M como a melhor opção para a Índia no programa Medium Transport Aircraft (MTA), que visa substituir parte da frota de transporte da Força Aérea Indiana. O C-390M é capaz de transportar cargas pesadas, incluindo veículos e helicópteros, e já despertou o interesse de outros países, como Portugal, Hungria e Suécia.
Brasil e Índia podem firmar um dos acordos de defesa mais simbólicos da década, fortalecendo suas posições globais e industriais
Com um vasto território e diferentes desafios geográficos, a Índia busca uma aeronave de transporte militar versátil, capaz de atender a diversas missões logísticas. O C-390M, por sua vez, é projetado exatamente para este tipo de operação, com vantagens em eficiência, alcance e custo de manutenção, o que o coloca como forte candidato na concorrência indiana.
Ao propor um acordo envolvendo a venda do C-390M em troca da aquisição do Tejas Mk1A, o Brasil pretende criar um arranjo que não apenas favoreça sua modernização militar, mas que também estreite as relações comerciais e estratégicas com a Índia. Tal modelo de negociação representa um caminho inovador de cooperação bilateral, integrando interesses industriais, militares e diplomáticos.
A informação sobre o possível acordo foi divulgada pelo site especializado aeroin.net, que cita fontes indianas ligadas ao setor de defesa. O site IDRW, da Índia, indicou que o entendimento entre os países pode evoluir conforme o andamento das decisões da Força Aérea Indiana sobre a concorrência do programa MTA. As tratativas, embora ainda em fase exploratória, evidenciam o potencial de uma aproximação relevante entre Brasília e Nova Délhi no campo da defesa.
Negociações seguem sem desfecho oficial, mas expectativa de anúncio aumenta com aproximação da definição indiana sobre o cargueiro militar
Até o momento, não há confirmação oficial de que o acordo foi fechado ou que os termos estão definidos. As negociações estão em estágio inicial e podem levar meses até que avancem para uma proposta formal. No entanto, a possibilidade vem sendo tratada com seriedade por ambos os lados, dado o potencial estratégico do arranjo. Caso a Índia opte de fato pelo C-390M da Embraer, aumentam significativamente as chances de o Brasil incorporar os caças Tejas Mk1A à sua frota, consolidando uma nova etapa de cooperação tecnológica entre os dois países.