A edição de 2025 da feira internacional de defesa IDEX, realizada no final de fevereiro em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, apresentou uma nova era para a indústria militar global. Com a presença de mais de 1.565 empresas de 65 países, o evento foi marcado por inovações tecnológicas surpreendentes e o protagonismo crescente de nações como China, Rússia, Estados Unidos e Irã na corrida por equipamentos de guerra baseados em automação, robótica e inteligência artificial. A feira também registrou números recordes de estreia, com 731 empresas participando pela primeira vez e sete nações inaugurando seus próprios estandes.
Entre os destaques do evento, a presença russa chamou atenção com a apresentação de armas como o míssil de cruzeiro X-69, de baixa assinatura radar, e o míssil antirradar X-58, projetado para eliminar sistemas de detecção inimigos. Outro produto russo que se destacou foi o drone Supercam S350, veículo aéreo não tripulado com alta eficiência e adaptabilidade. Além disso, a Rússia revelou o T-90M Pro RIV, um novo modelo de tanque de guerra com design reformulado e desempenho superior para cenários modernos de combate terrestre.
Míssil de cruzeiro X-69
Míssil antirradar X-58
Drone Supercam S350
Do lado ocidental, os Estados Unidos apresentaram avanços importantes com a tecnologia Overdrive, desenvolvida pela empresa Overland AI. A inovação permite que veículos terrestres operem de forma autônoma sem necessidade de condutores humanos, aumentando a eficiência e a segurança das tropas em campo. O sistema já é compatível com plataformas de comando e controle do exército norte-americano, acelerando sua aplicação prática em situações reais.
Drones táticos e armas antiaéreas marcam virada nos conflitos assimétricos modernos
Na região do Oriente Médio, o Irã demonstrou forte avanço no uso de drones FPV (First Person View), operados em primeira pessoa. Vídeos inéditos de treinamentos realizados por membros da Guarda Revolucionária Islâmica em bases secretas revelaram ataques de precisão contra alvos estratégicos, como bunkers e veículos blindados. A análise imediata dos dados de telemetria após os ataques indica um alto nível de sofisticação nos sistemas utilizados. Esses drones se tornaram armas de baixo custo e difícil defesa, com grande impacto em táticas assimétricas de guerra.
Para enfrentar essa nova ameaça, empresas do setor de defesa também apostam em soluções de interceptação. A britânica MSI Defense Systems apresentou o Troll Paladin, um sistema móvel de defesa aérea equipado com canhão automático de 30 mm e munição de detonação aérea. Capaz de operar de forma autônoma ou por controle remoto, o sistema chamou atenção pela sua velocidade de resposta e adaptabilidade a diferentes cenários operacionais, tornando-se uma alternativa promissora contra ataques coordenados por enxames de drones.
Enquanto isso, a China investe em um salto tecnológico ainda mais ousado: o desenvolvimento de robôs humanoides para atuação direta em combate. A empresa Unitree revelou o G1, robô com aparência realista e movimentos complexos, incluindo ações típicas de artes marciais. O projeto visa criar unidades robóticas versáteis capazes de operar armamentos, cumprir tarefas táticas e suportar condições extremas de combate. Vendido por aproximadamente US$ 16 mil, o G1 já vem sendo utilizado em funções como segurança pessoal, indicando seu potencial para uso militar em larga escala.
Robôs de combate se tornam padrão em exércitos modernos e apontam para nova era na defesa global
A participação da China na IDEX 2025 reafirma sua posição de destaque na revolução tecnológica do setor militar, apostando na substituição progressiva de soldados por unidades autônomas. Os projetos chineses evidenciam a intenção de dominar a próxima geração de conflitos com tecnologia de ponta e automação de missões táticas. Esse movimento acompanha iniciativas semelhantes de outros países, como a Sérvia, que apresentou o robô terrestre Milos N, equipado com metralhadora, sensores térmicos, lançador de granadas e capacidades de reconhecimento noturno.
Também em desenvolvimento na Rússia, o robô Varon, projetado para apoiar tropas em missões pesadas, conta com torreta controlada remotamente e capacidade de transporte de até 1,5 tonelada. Operando a até 15 km de distância do operador, o equipamento possui compatibilidade com armas do tipo Kalashnikov e pode ser adaptado para guerra eletrônica. Esses sistemas reforçam a tendência global de mecanização do campo de batalha, reduzindo riscos humanos e aumentando a eficácia das operações militares.
Ao reunir tecnologias como drones inteligentes, armas invisíveis ao radar, tanques autônomos e robôs humanoides, a IDEX 2025 revelou que o paradigma da guerra está mudando em alta velocidade. A automação, a inteligência artificial e o controle remoto de combates já são realidade em muitos países e tendem a se tornar padrão nas próximas décadas. A adoção dessas ferramentas promete não apenas reconfigurar os cenários militares, mas também impactar diretamente o equilíbrio de poder entre as nações.
A informação foi divulgada pelo canal de notícias especializado “Bomtec Show”, que acompanhou de perto os destaques da feira em Abu Dhabi. As imagens e dados apresentados durante o evento reforçam que o desenvolvimento de tecnologias militares deixou de ser um projeto de futuro para se tornar parte do presente. Países como China, Rússia e Estados Unidos seguem investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento com foco em superioridade estratégica.
Diante desse cenário, especialistas alertam para o impacto geopolítico dessas inovações, uma vez que as nações que dominarem a inteligência artificial e os sistemas autônomos terão vantagens decisivas em conflitos futuros. Por outro lado, países que não acompanharem esse avanço podem enfrentar desvantagens militares e econômicas significativas. A corrida tecnológica não se limita mais a armas nucleares ou satélites: agora, os protagonistas são os algoritmos, os sensores e os robôs.