Exército e Governo de São Paulo selam mega aliança em inovação tecnológica – e os bastidores indicam muito mais que cooperação
A nova parceria entre o Exército Brasileiro e o Governo de São Paulo promete impulsionar ciência e defesa no Brasil. Trata-se de um acordo que coloca universidades de ponta e militares de alta patente na mesma mesa. União de peso, entre o estado mais rico do Brasil e o Exército, pode mudar os rumos da defesa nacional e do setor público nos próximos anos.
O Exército Brasileiro, por meio do seu Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), firmou um protocolo de intenções com o Governo do Estado de São Paulo para a criação de projetos de inovação com impacto tanto civil quanto militar. A cerimônia aconteceu no Palácio dos Bandeirantes, com presença de nomes graúdos. Estiveram no evento o governador Tarcísio de Freitas e o General de Exército Achilles Furlan Neto, além de uma verdadeira tropa de elite da ciência paulista: USP, UNICAMP, UNESP, IPT, FAPESP e representantes do alto comando do Exército.
A ideia é sobretudo clara e ambiciosa. O objetivo é criar um ecossistema colaborativo entre instituições civis e militares, fomentar tecnologias disruptivas, desenvolver soluções estratégicas de defesa e até abrir caminho para a implantação de um Centro Tecnológico em Defesa em São Paulo.
De acordo com o General Armando Morado Fereira, Chefe de Ensino, Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do DCT, “[a iniaciativa] é uma parceria que alinha ciência e soberania nacional. Estamos olhando para o futuro do Brasil”.
A corrida por tecnologias de ponta
Um dos focos da parceria é o programa Força 40. Esse programa mira no futuro do Exército Brasileiro sobretudo com planejamentos de longo prazo, apostando em inteligência artificial, defesa cibernética, sensores de ponta e tecnologias de uso dual (civil e militar).
É o tipo de iniciativa que pode colocar o Brasil em outro patamar geopolítico. No entanto, o programa também levanta sobrancelhas. Isso porque a mistura de universidades públicas com instituições militares, por mais estratégica que seja, sempre provoca debate. Especialistas se questionam até que ponto essa aproximação respeita a autonomia acadêmica, ou ainda, se existe risco de militarização da ciência civil.
A elite científica paulista entra em campo
Participaram da reunião os reitores das três maiores universidades estaduais do país: USP, UNICAMP e UNESP. Além disso, também estiveram presentes os presidentes da FAPESP, Marco Antônio Zago, e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Anderson Correia. Ou seja: não é apenas uma parceria de gabinete. É o topo da pesquisa brasileira entrando no jogo.
Do lado militar, além do DCT, estava presente o Comandante e Reitor do Instituto Militar de Engenharia (IME), o Gen Div Juraci Ferreira Galdino. A expectativa é de que essa convergência entre ciência acadêmica, tecnologia de defesa e política pública gere resultados tangíveis ainda nesta década.
Potencial revolucionário – mas os holofotes também acendem as sombras
Embora a empolgação com a inovação seja justificada, há quem questione os reais interesses por trás da parceria. De acordo com analistas, a criação de um polo de inovação em defesa num estado tão estratégico como São Paulo pode ser lida como um movimento político-estratégico do governo federal e do próprio Exército.
Além disso, a inclusão de tecnologias sensíveis e de uso militar levanta preocupações sobre transparência, controle civil e possíveis conflitos de interesse entre produção científica e fins militares.
Ainda assim, ninguém duvida que a aliança entre o Exército e São Paulo possa render frutos imensos — e até recolocar o Brasil como protagonista tecnológico na América Latina.