Essa é uma pergunta clássica para quem tem 18 anos e acabou de se alistar. Todo jovem recruta sonha, um dia, em se tornar um General. No entanto, a resposta para a pergunta “dá pra se tornar um general se eu me alistar no serviço obrigatório aos 18?” é curta, direta e um pouco frustrante.
Infelizmente, não é possível se alistar como recruta e, um dia, se tornar um general. Para quem se alista como recruta comum, a carreira começa e termina como praça, não como oficial. Isso quer dizer que, no máximo, você pode subir a escada até cabo, depois sargento (se passar na prova da ESA, a Escola de Sargentos das Armas), e talvez alcançar o posto de subtenente, que é o último degrau pra quem não é oficial. Ou seja, general, nem sonhando.
A trilha pra virar general começa bem antes — e em outro lugar
Quem sonha em carregar estrelas no ombro precisa fazer a prova da EsPCEx — a Escola Preparatória de Cadetes do Exército. Passando nessa prova (que não é nada fácil), o jovem entra como cadete, estuda um ano em Campinas (SP) e depois mais quatro anos na AMAN, em Resende (RJ). É lá que o Exército molda seus futuros oficiais.
Ao sair, vira aspirante-a-oficial, depois tenente, capitão, e assim vai. Mas não pense que o caminho é simples. Entre as promoções, o oficial precisa passar pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO). Mais adiante, se quiser sonhar mesmo com uma estrela dourada, encarar a temida prova da ECEME — a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. A ECEME é uma peneira, e só os primeiros colocados têm chance real de virar general.
E há polêmicas
O problema é que esse sistema — ainda que pareça justo no papel — é altamente competitivo, político e, muitas vezes, desigual. De acordo com analistas ouvidos pela Revista Sociedade Militar, a meritocracia dentro das Forças Armadas nem sempre se baseia só em desempenho. Indicações, relações pessoais e até a origem do oficial (se veio da AMAN ou da área técnica) podem pesar. Um suboficial pode ter 30 anos de experiência prática, mas nunca terá o mesmo prestígio ou espaço que um oficial recém-formado com quatro anos de academia. Isso gera sobretudo ressentimento, desigualdade de oportunidades e uma divisão interna silenciosa.
Além disso, há uma crítica crescente de que o sistema de promoções não acompanha o dinamismo das ameaças modernas — que exigiriam quadros mais flexíveis, técnicos e adaptáveis. Em vez disso, o que se vê é uma estrutura engessada, onde o tempo de serviço e o cumprimento de etapas burocráticas ainda são mais valorizados do que iniciativa e inovação.
O sonho não é impossível, mas…
Assim, quem quer virar general, deve se preparar para muito mais do que a caserna, em si. Vai precisar estudar — muito —, abrir mão de muita coisa, passar por escolas de elite dentro do próprio Exército e, mesmo assim, ainda será muito difícil.