O Exército dos Estados Unidos está desenvolvendo uma atualização radical para sua frota de tanques M1A2 Abrams com o novo conceito AbramsX, apresentado pela General Dynamics Land Systems (GDLS). A proposta inclui uma série de inovações tecnológicas, como torre não tripulada, armamento automatizado, motor híbrido e capacidade de lançamento de drones, com o objetivo de manter a supremacia dos tanques norte-americanos até além de 2050.
O AbramsX foi revelado em 2022 durante a conferência anual da Associação do Exército dos EUA, sendo promovido como a mais completa evolução da plataforma Abrams, que já acumula mais de quatro décadas de serviço. O novo modelo, que mantém o calibre de 120 mm, mas adota um canhão XM360 mais leve, também contará com um sistema de carregamento automático, reduzindo a tripulação para três membros e realocando todos para o casco do veículo.
Além disso, a torre do AbramsX incorpora sistemas de proteção ativa como o Trophy e dispensadores de fumaça, e será equipada com um canhão automático XM813 de 30 mm. Um dos diferenciais é a inclusão de quatro drones Switchblade 300, projetados para ataques além da linha de visão, o que pode ampliar significativamente a versatilidade da plataforma em cenários de combate moderno.
AbramsX: o futuro do M1 Abrams
Apesar do caráter inovador do conceito, o Exército pode realizar alterações significativas no projeto antes da produção. Entre os pontos que ainda geram discussão estão a redução de peso — o AbramsX é cerca de 10 toneladas mais leve que a versão atual M1A2SEPv3 —, o uso de armamento automatizado e a adoção de sistemas híbridos de propulsão. Tradicionalmente, os comandantes militares têm priorizado blindagem adicional, mesmo que isso resulte em veículos mais pesados.
Outra incerteza diz respeito ao armamento principal. Embora o XM360 seja uma evolução promissora, há possibilidade de substituição por um canhão de maior calibre, como o XM291 de 140 mm, capaz de penetrar blindagens mais avançadas. Também há debates internos sobre a substituição da metralhadora M2 .50 por um sistema remoto ou a manutenção de armas convencionais para combate a infantaria inimiga.
No que se refere à proteção, o Exército pode optar por utilizar a economia de peso do novo modelo para reforçar a blindagem passiva com camadas adicionais de aço, cerâmica e urânio empobrecido. Isso somaria-se aos sistemas de defesa ativa e aos sensores alimentados por baterias, permitindo que o tanque permaneça oculto mesmo sem o motor a combustão em funcionamento.
Tripulação reduzida e integração de drones geram controvérsias
O uso de apenas três tripulantes no AbramsX representa uma quebra de paradigma para o Exército norte-americano, que historicamente tem resistido à adoção de carregadores automáticos, ao contrário de exércitos como os da França, Alemanha, Rússia, China e Japão. A preocupação gira em torno da confiabilidade mecânica do sistema e da sobrecarga operacional dos tripulantes restantes, especialmente em missões prolongadas.
Outro ponto sensível é a integração de drones loitering diretamente no tanque. Embora as munições Switchblade 300 ampliem a capacidade ofensiva contra alvos fora do alcance visual, o comando pode preferir manter esse tipo de armamento em unidades especializadas, a fim de não sobrecarregar a tripulação do veículo de combate principal.
Ainda assim, o conceito de um tanque que reúne poder de fogo direto, sensores de última geração, inteligência autônoma e capacidade de ataque remoto via drones representa uma resposta aos desafios de um campo de batalha moderno, cada vez mais ameaçado por artilharia de precisão, drones armados e helicópteros de ataque.
Custo, tempo e sobrevivência no campo de batalha
A General Dynamics aposta no AbramsX como solução de transição para evitar os custos e prazos associados à criação de uma nova plataforma do zero. A modernização do Abrams permitiria a entrega de unidades atualizadas mais rapidamente, com um custo menor do que o desenvolvimento de um tanque inédito — estimado em bilhões de dólares e pelo menos uma década de trabalho.
A viabilidade do AbramsX também é favorecida pelo legado da plataforma original. Desde seu desenvolvimento no final dos anos 1970 até os dias atuais, o M1 Abrams passou por diversas atualizações que o mantiveram operacional e eficiente em múltiplos teatros de guerra, do Golfo à Ucrânia. Com o AbramsX, espera-se estender essa longevidade por mais três décadas.
De acordo com os desenvolvedores, o objetivo é manter o Abrams como o tanque mais dominante do planeta, utilizando uma combinação de tecnologias já comprovadas e novas soluções voltadas para as ameaças emergentes. O desafio está em encontrar o equilíbrio entre inovação e confiabilidade, sem comprometer a eficácia operacional.
A informação foi divulgada por 19FortyFive, com base em artigo do jornalista especializado em defesa Kyle Mizokami. A apresentação do AbramsX foi feita pela General Dynamics durante evento oficial do Exército dos Estados Unidos em 2022.