LEILÃO DE APOIO POLÍTICO – PSB –
O assédio sobre o PSB protagonizado pelos dois candidatos que disputarão a presidência no 2º Turno , tomou contornos inimagináveis. O “passe” desse partido vale hoje mais na “bolsa política” que todo o time do Barcelona na bolsa do esporte. Tudo é resultado das leis feitas pelos políticos para beneficiá-los. É,portanto,legislação em causa própria. O tal de “2º Turno” ,na forma adotada, presta-se ao livre comércio entre interesses políticos e partidários. Portanto o apontamento do vencedor deixa de ser ato jurídico eleitoral para transformar-se em “ato-de-comércio”. E tudo se passa sob as “barbas”da Justiça Eleitoral,que sempre pune com rigor as miudezas da comercialização dos votos, fechando os olhos para essas grandes falcatruas.
Nessa situação,o “passe”do PSB passou a valer uma fortuna,pois o lado para o qual seu eleitorado se dirigir vai ser decisivo e apontar o vencedor. Mas certamente esse apoio não seria de “graça”. A comercialização é válida nessa legislação deturpada.
Mas qualquer acordo que for feito vai depender da resposta das urnas. É, por conseguinte, um contrato de risco. E alto risco,se uma das partes for o PSDB.
Várias alternativas poderiam ser cogitadas. Uma é o “leilão”de apoio. O pagamento por essa “força” teria que ser feito em participação no futuro governo .Mas como aferir esse valor ? É lógico que o “passe” para Aécio teria que ter um preço bastante superior do que o que seria para Dilma,visto sua expressiva vantagem no 1º Turno. Com pouco mais de 20% dos votos de Marina canalizados para Dilma,esta teria assegurada a sua vitória. Para Aécio seria preciso cerca de 80%. Mas é evidente que O PSB (e a coligação) não poderia garantir a transferência dos seus votos para “a”ou “b”. A força partidária não vai a tanto. Mas como se trataria de contrato de “risco”, tudo bem.
Ficaria mais fácil ao PT “comprar” esse apoio,no leilão. Não teria que ser dada uma participação tão grande no governo ao PSB ,pois bastaria 20% dos votos de Marina.
Mas a desgraça do PSDB é que ele precisaria de 80% daqueles votos para vencer Dilma, pressupondo-se ,claro,sempre a manutenção dos votos do 1º Turno. Como poderia o pessoal de Marina garantir esse alto percentual ao PSDB? Se não pôde nem mesmo garantir o número de votos que teve para ela própria no 1º Turno? Repassar,ou transferir, é sempre mais difícil que conquistar.
Mas haveria,talvez,uma possível fórmula para avaliação do “passe”do PSB para o PSDB. Poderia ser, por exemplo, uma participação no eventual futuro Governo Aécio, considerando o acréscimo de votos que teve Aécio do 1º para o 2º Turno, desse cálculo sendo tirado o peso da participação do PSB do Governo.
Nesse mundo muito louco, onde só cabem idéias igualmente loucas, uma a mais não vai fazer diferença.
Sérgio Alves de Oliveira – Advogado e Sociólogo
Publicado em Revista Sociedade Militar Online.