Listinhas e Abaixo assinados. Única esperança dos militares para dias melhores?
Sem uma representação política forte e realmente centrada nas suas necessidades, os militares brasileiros apelam para abaixo-assinados e listas virtuais feitas no site do SENADO.
Há alguns anos a maior lista desse tipo foi realizada no site do SENADO. O documento foi iniciado no site do Montedo e, apoiado pela Revista Sociedade Militar.
Embora tenha alcançado um número gigantesco de adesões – mais de 300 mil assinaturas – o referido abaixo-assinado não alcançou seu objetivo, que era de provocar uma discussão séria acerca da defasagem nos soldos dos militares das Forças Armadas.
Hoje tomamos conhecimento de que o Clube MILITAR colocou em sua página a sugestão para que se endosse outro abaixo assinado no site do SENADO.
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As atitudes são louváveis. Mas, isoladas, muito pouco podem contribuir para a reparação dos danos acumulados por anos seguidos de descaso.
Infelizmente não se conhece qualquer categoria que tenha obtido reajuste salarial por meio de abaixo-assinados.
Em 2014 os militares das Forças Armadas perderam a oportunidade de colocar vários representantes na câmara federal, estaduais e distrital. Esse seria o maior abaixo-assinado a ser realizado. Até hoje não conseguiu-se explicar o “por que” do fracasso, já que – notadamente – personagens como Kelma Costa, Mirian Stein, Ivone Luzardo, Vinicius Feliciano, Genivaldo e Gerson Paulo, desde antes das eleições já se destacavam como protagonistas na batalha em defesa da família militar.
Precisamos de representantes desse tipo, com disposição e poder de articulação.
Já está provado que o atual governo só se mexe quando se vê no risco de perder popularidade, poder ou dinheiro. Portanto, com a ajuda dos próprios clubes e associações, os militares poderiam realizar ações práticas, como levar grandes grupos para o Distrito Federal para pressionar os políticos. Contudo, é necessário que TODOS participem. Chega dessa história das camadas superiores, passivas, se beneficiar dos panelaços e manifestações realizadas pela baixa oficialidade e praças.
Portugal pode ser usado como um exemplo em matéria de ativismo político da família militar. Nesse país as associações de sargentos e oficiais tem a cada dia aumentado sua influencia na obtenção de melhorias.
Há um ditado interessante entre os colegas lusos: “os generais na ativa são muito reservados e na reserva são muito ativos”
Percebeu-se o tamanho da preocupação do governo Dilma por conta de uma pequena reunião realizada entre militares e o deputado Cabo Daciolo na frente do Congresso Nacional. Quem pode imaginar a repercussão que teria uma manifestação que contasse com a presença de oficiais generais como Maynard Santa Rosa, Heleno, Pimentel, Enzo, Saito e outros tantos?
Uma das maiores esperanças que surge nos últimos dias é a PEC-443, que possibilitaria aos militares a representação na esfera administrativa por meio de associações.
Já sabemos que vai aparecer um inteligente dizendo que isso vai “quebrar a hierarquia” ou gerar divisão nas forças armadas.
Mas, não há como acontecer isso.
O que se propõe não são sindicatos, ou direito de fazer greve. No mais, parece que essa divisão já começa a existir “naturalmente”. Na medida em que, ao longo de vários anos de parcelamento de reajustes, a tropa percebe que seus comandantes e auxiliares lotados no Ministério da Defesa recebem salários acrescidos de diversas gratificações e vantagens, aumenta a dúvida sobre a disposição que estes teriam para se indispor realmente com o governo, insistindo em uma reparação salarial que de fato corrija as perdas de toda a tropa.
Já percebemos muitas colocações desse tipo nos campos de comentários desse site e de outros.
O próprio facto do Clube Militar, instituição considerada como das mais conservadoras, apelar para abaixo-assinados virtuais, já é uma importante demonstração de que pelo menos uma parte do oficialato admite que os COMANDANTES não estão conduzindo da forma eficaz a questão da remuneração de seus subordinados.
Em 2016 teremos eleições para o legislativo municipal. Seria interessante que os militares elegessem vereadores. Estes poderiam servir como “alavancas” para que, dois anos depois, se coloque no Congresso alguns político-militares realmente comprometidos com a classe.
Robson A.DSilva