OS TANQUES PODEM IR PRA RUA? SIM, É VERDADE!
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Os conflitos nos Estados Unidos estão se mantendo há vários dias. Ao contrário do que ocorreu lá, onde um civil inocente foi morto pela polícia, no Brasil não há um grande fator motivador, emocional, que leve a esquerda para as ruas em defesa de um grande ideal.
A decepção em relação a atuação dos ícones-heróis da esquerda brasileira de fato fez com que a militância se reduzisse muito. Lula não é mais considerado uma bandeira capaz de movimentar multidões, ele é mais perigoso preso do que solto. Para que a esquerda novamente se reúna é preciso um efeito motivador e – que ninguém se deixe enganar – algo que provoque a tão desejada histeria coletiva naqueles que estão semi-adormecidos está sendo desesperadamente buscado.
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A malta precisa de uma motivação forte para se formar, mas depois de formada é perigosa, sendo praticamente impossível contê-la.
Os acontecimentos do último final de semana principalmente em São Paulo levaram militares a conversar sobre o assunto. Uma das primeiras observações que se faz é que o fator motivador, aglutinador, que levaria a esquerda para as ruas, pode surgir a qualquer momento, ou – na pior das hipóteses – pode ser fabricado. Se a mulher com um taco de basebol, por exemplo, que tem fotografias ao lado de diversos políticos bolsonaristas, tivesse acertado a cabeça de alguém do grupo adversário, isso poderia ter se tornado no estopim de um gigantesco caos, começando por São Paulo e em seguida se alastrando por todo o país.
O conselho dos generais para que Bolsonaro acalme seus apoiadores se encaixa exatamente aí. Jornal influente publicou ontem: “os militares podem colocar os tanques nas ruas, caso a situação fuja do controle. Nesse sentido é que Jair Bolsonaro foi orientado a pedir que seus apoiadores evitem manifestações concomitantes”.
Providências importantes como a proibição de protestos com bandeiras diferentes no mesmo local e data já foram tomadas e acredita-se que isso surta efeito. Todavia, não se sabe o que está sendo preparado e de fato há preocupação da cúpula militar.
Ao longo dos últimos anos várias unidades têm se preparado para as ações GLO, principalmente no que diz respeito à adestramentos voltados para contenção de tumultos. É obvio que as tropas podem ir para a rua. Mas, todos sabem que não é essa a atividade fim das Forças Armadas.
Ao se estudar grandes conflitos de rua ocorridos em vários locais do mundo se constatou que para muitos deles houve certa logística, uma preparação. Faixas, objetos e coquetéis molotov são fabricados com antecedência de vários dias, ou semanas. Tudo estava pronto e apenas aguardava-se a oportunidade.
Entre os militares da ativa não é fácil encontrar quem seja entusiasta do Bolsonarismo radical, aquele grupo que acha que STF e Congresso Nacional devem ser, com o uso da força desmantelados. Mesmo dentro o governo isso se limita à chamada ala ideológica, aquela que – ligada a Carlos Bolsonaro – já venceu embates contra generais considerados como bastante influentes, como Santos Cruz e Maynard Santa Rosa.
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Mourão, por sua vez, em resposta a FHC ontem reafirmou ou papel dos militares na contenção do caos que se avizinha: “os responsáveis pelos erros do Governo, queiram ou não, serão os militares… convido o ex-presidente FHC a refletir sobre a História do Brasil e verificar se não são eles que, mais uma vez, servindo ao Estado, mantêm a estabilidade institucional do País.”, disse o general.