RSM - Revista Sociedade Militar
  • AO VIVO
  • Página Inicial
  • Últimas Notícias
  • Forças Armadas
  • Defesa e Segurança
  • Setores Estratégicos
  • Concursos e Cursos
  • Gente e Cultura
RSM - Revista Sociedade Militar
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Início Gente e Cultura Filmes, séries e livros

Por que Stalin não resgatou seu filho de prisão alemã durante a Segunda Guerra Mundial

"Estou envergonhado diante de meu pai por continuar vivo", disse Yakov Dzhugashvili, filho de Joseph Stalin, durante seu interrogatório.

por Rafael Cavacchini
05/04/2023
A A
O líder supremo soviético, Joseph Stalin, abominava soldados que se rendiam em combate. Abominava tanto que, em dado momento, irritado com a sucessiva rendição de batalhões inteiros do Exército Vermelho, Stalin emitiu a famosa Ordem nº 270. A Ordem nº 270 ordenava que os soldados do Exército Vermelho “lutassem até o fim”, sob risco inclusive de serem condenados à morte. O documento praticamente proibia os comandantes de se renderem e estabelecia penalidades severas para oficiais superiores e desertores que praticassem o que Stalin considerava como “abandono de seus deveres”.
Por isso, é de se supor que Stalin teve um dos piores dias da sua vida quando recebeu a terrível notícia de que seu filho mais velho, Yakov Dzhugashvili, havia se rendido aos alemães.
Yakov Dzhugashvili logo após ser capturado durante Operação Barbarossa
No dia 22 de junho de 1941, a Alemanha nazista e seus aliados lançaram a Operação Barbarossa, como foi chamada a invasão da União Soviética. Na ocasião, Stalin havia feito questão que seu primogênito Yakov Dzughashvili, e seu filho adotivo e colega oficial de artilharia Artyom Sergeyev, fossem enviados imediatamente para a linha de frente.
Dzughashvili havia graduado na Academia de Artilharia apenas meses antes, mas acabou não lutando por muito tempo. Durante a Batalha de Smolensk, um combate desigual em que os alemães devastaram os defensores, com baixas chegando a sete pra uma a favor da Alemanha, Yakov Dzhugashvili acabou sendo capturado pelo inimigo.

“Sou filho de Stalin”

As circunstâncias de sua captura não são totalmente conhecidas. No entanto, Sergeyev, seu irmão adotivo, disse mais tarde que “os alemães cercaram a bateria de Yakov. A ordem foi dada para recuar. Mas Yakov não obedeceu à ordem. Tentei persuadi-lo… mas Yakov respondeu: ‘Eu sou o filho de Stalin e eu não permito que a bateria recue.” Os arquivos russos também sugerem que Dzhugashvili se rendeu voluntariamente ao inimigo.
Yakov Dzhugashvili, a direita, ao lado do pai, Joseph Stalin.

Os próprios colegas militares de Yakov Dzhugashvili entregaram sua identidade para os alemães. No entanto, os nazistas não tinham a menor intenção de executá-lo ou torturá-lo. Os planos alemães para o filho de Stalin eram outros.

Peça de propaganda

Os alemães perceberam rapidamente quão valioso era o presente que havia caído em suas mãos. Os nazistas, contudo, não pretendiam encenar uma execução pública do filho de seu maior arquiinimigo, o que seria lógico. Pelo contrário, era do interesse nacional que Dzhugashvili simpatizasse com a causa alemã para poder ser devidamente explorado em campanhas de propaganda. Os alemães, portanto, queriam jogar “Stalin Junior” contra seu próprio pai.

Yakov foi tratado com civilidade e cortesia pelos seus captores. Em seus interrogatórios, os alemães não perguntavam apenas sobre questões militares, mas também sobre suas opiniões políticas. Discutiram sobre os métodos de Stalin de administrar o estado, apontando para o filho os erros do pai. Os captores também enfatizavam as deficiências da ideologia do bolchevismo e porque abandoná-las seria vantajoso para Dzhugashvili.

Yakov Dzhugashvili, entretanto, recusou-se a cooperar com os alemães e manteve-se leal a União Soviética e ao pai.

Propaganda alemã de 1941, em russo. O texto diz: “Este é Yakov Dzhugashvili, filho de Stalin e oficial de artilharia que em 16 de julho se rendeu perto de Vitebsk, junto com milhares de outros soldados e oficiais… Siga seu exemplo – ele está vivo e bem, e se sente ótimo… Por que você luta até a morte quando até o filho de seu líder se rendeu?”

Ao mesmo tempo, a máquina de propaganda do Terceiro Reich garantiu que a notícia da captura do filho do todo-poderoso Stalin se tornasse de conhecimento comum na URSS. Apesar do fato de que Dzhugashvili ter enfatizado em seus interrogatórios que havia sido feito prisioneiro contra sua vontade, os alemães declararam que sua rendição foi totalmente voluntária e que Dzhugashvili não estaria ali de modo forçado, mas em cumprimento de procedimentos normais durante período de guerra.

Um soldado por um marechal de campo

Algumas discretas missões de resgate foram organizadas para retirar Dzhugashvili das mãos dos alemães. No entanto, todas as tentativas de libertar o filho de Stalin acabaram em nada.

Após a batalha de Stalingrado, os alemães solicitaram a mediação da Cruz Vermelha. O objetivo era oferecer a Stalin uma troca de seu filho pelo marechal de campo Friedrich Paulus, além de outras várias dezenas de oficiais de alto escalão do 6º Exército. Após a batalha, esses oficiais estavam presos do lado soviético e trazê-los de volta pra casa era uma promessa que o próprio Fuhrer havia feito ao povo alemão.

Yakov Dzhugashvili durante seu interrogatório imediatamente após sua captura.

A visão oficial na União Soviética diz que o líder soviético respondeu friamente à proposta alemã: “Não vou trocar um soldado por um marechal de campo.” A filha do líder supremo, Svetlana Alliluyeva, considerava essa versão como correta. Alliluyeva lembrava que, meses depois dessa negociação, no inverno de 1943-44, seu pai, indignado, declarou sobre a fracassada negociação com os alemães: “Os alemães propuseram a troca de Yasha por alguns de seu povo… barganhar com eles? Não, guerra é guerra.”

“Preferiria a morte a trair a pátria”

O marechal Zhukov escreveu em suas Memórias e Pensamentos que chegou a perguntar a Stalin sobre seu filho mais velho. “Yakov não vai sair do cativeiro. Os fascistas vão atirar nele…”, disse Stalin, pensativo. Depois de uma pausa, o líder soviético teria dito: “Não, Yakov preferiria a morte a trair a Pátria.”

A verdade é que, incapazes de explorá-lo para fins de propaganda ou usá-lo para fazer uma troca de prisioneiros, os alemães perderam todo o interesse no filho de Stalin, que acabou se tornando apenas um fardo.

Yakov Dzhugashvili foi bem tratado por seus captores, mas não conseguiram convertê-lo para seu lado.

No dia 14 de abril de 1943, quase dois anos após sua captura, Yakov se jogou no arame farpado eletrificado no campo de concentração de Sachsenhausen. Um guarda que presenciou a cena imediatamente atirou contra o filho de Stalin, matando-o imediatamente.

Se ele queria fugir ou pretendia, de fato, ceifar sua própria vida, nunca foi esclarecido. Especula-se, ainda, que sua morte teria sido armada pelos próprios alemães. O fato é que, as circunstâncias em que Yakov Dzhugashvili foi morto permanecem um mistério até hoje.

 

Ver Comentários

Artigos recentes

  • Trump institui ‘Dia da Vitória’ em 8 de maio e garante que triunfo na Segunda Guerra foi graças aos EUA: “Goste ou não, fomos nós!” 08/05/2025
  • Militares veem a História como meio de aplicar estratégias aos desafios atuais — “É necessário entrar nas Academias e fazer uma mudança no ensino militar”, diz jornalista 08/05/2025
  • Exército aumenta número de generais: de 2019 a 2025 a força ganhou mais 13 cadeiras 08/05/2025
  • GUERRA em MINUTOS! Conheça a Guerra Anglo-Zanzibari, a guerra mais curta da história, durou menos de 45 min, mas mudou TUDO! 08/05/2025
  • Concurso EsPCEx 2025 teve as inscrições PRORROGADAS, 440 vagas para pessoas com ensino médio 08/05/2025
  • A motocicleta militar com tração nas duas rodas que incrementa a mobilidade tática para operações especiais nos EUA 08/05/2025
  • Apesar de crise orçamentaria e falta de recursos, Lula quer doar 2 aeronaves da Marinha ao Uruguai: PL que autoriza doação de Helicópteros Bell Jet Ranger III(IH-6B) é enviado ao congresso 08/05/2025
  • Concurso EsPCEx encerra inscrições nesta semana! Fique atento ao prazo e não perca a chance de se tornar um militar de carreira 08/05/2025
  • Senado aprova aumento de cotas para negros em concursos públicos: saiba o que muda a partir de agora 08/05/2025
  • 10 dias para encerrar: Exército Brasileiro envia mensagem especial aos candidatos ao concurso de Sargento da ESA de 2025 08/05/2025
  • Sobre nós
  • Contato
  • Anuncie
  • Política de Privacidade e Cookies
- Informações sobre artigos, denúncias, e erros: WhatsApp 21 96455 7653 não atendemos ligação.(Só whatsapp / texto) - Contato comercial/publicidade/urgências: 21 98106 2723 e [email protected]
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Conteúdo Membros
  • Últimas Notícias
  • Forças Armadas
  • Concursos e Cursos
  • Defesa e Segurança
  • Setores Estratégicos
  • Gente e Cultura
  • Autores
    • Editor / Robson
    • JB REIS
    • Jefferson
    • Raquel D´Ornellas
    • Rafael Cavacchini
    • Anna Munhoz
    • Campos
    • Sérvulo Pimentel
    • Noel Budeguer
    • Rodrigues
    • Colaboradores
  • Sobre nós
  • Anuncie
  • Contato
  • Entrar

Revista Sociedade Militar, todos os direitos reservados.