A Marinha e a Guerra de Independência (1822-1824)
A guerra de independência do Brasil, sabe-se, foi um conflito armado que ocorreu entre 1822 e 1824. Trata-se da independência do Brasil em relação a Portugal, um capítulo importante na história brasileira, que marcou o fim do período colonial e o estabelecimento de um Império independente.
Nesse contexto a Marinha do Brasil teve um papel fundamental, transportando tropas e fornecimentos, patrulhando as costas e participando de batalhas navais decisivas, como afirma a professora e doutoranda em história, política e bens culturais, Jéssica de Freitas e Gonzaga da Silva:
É importante acrescentar ainda o papel da Força Naval nesse processo. A manutenção da unidade territorial foi garantida mediante a criação da Marinha de Guerra que, por meio do domínio do mar, usou as comunicações marítimas para conduzir as tropas, para derrotar a Esquadra portuguesa em combates e, acima de tudo, representar a autoridade de Dom Pedro I nas províncias ainda resistentes, fornecendo ao recém País independente o monopólio do uso da força.
Fonte: Agência Marinha de Notícias.
A Marinha e a Guerra Cisplatina (1825-1828)
Em seguida, um dos primeiros conflitos em que a Marinha do Brasil esteve envolvida foi a Guerra da Cisplatina (1825-1828). Essa guerra ocorreu quando a Província Cisplatina (atual Uruguai) tentou se separar do Império do Brasil. A Marinha desempenhou um papel crucial no bloqueio dos portos da região e na garantia do controle brasileiro sobre o Rio da Prata.
O grito do Ipiranga produziu ecos em quase todo o território brasileiro, mas nas Províncias do Norte, Nordeste e na Cisplatina, as Juntas de Governo continuavam leais às Cortes de Lisboa.
Foi necessária, então, a ação da Marinha para evitar a fragmentação do país e garantir a consolidação da Independência. Assim, a 14 de novembro de 1822, dois meses após sua proclamação, fazia-se ao mar a primeira esquadra brasileira, rumo a Montevidéu, com a missão de expulsar as forças que lutavam para manter a Província Cisplatina sob o domínio português.
Fonte: Marinha.
A Marinha e a Guerra do Paraguai (1864-1870)
A participação da Marinha do Brasil foi fundamental na vitória da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) contra o Paraguai. A Marinha realizou bloqueios navais nos rios Paraguai e Paraná, transportou tropas e suprimentos e participou de batalhas navais decisivas, como a batalha de Riachuelo. Daí a Guerra do Paraguai ser conhecida também por Batalha Naval do Riachuelo.
Na ocasião, as embarcações brasileiras não eram as melhores para operar em rios como o Paraná e o Paraguai, que tinham águas restritas e pouco profundas. Havia um grande risco de encalhar, principalmente porque essas embarcações possuíam casco de madeira, o que as tornava altamente suscetíveis aos ataques da artilharia terrestre posicionada nas margens. A vitória do Brasil só foi alcançada graças a uma manobra de colisão com as embarcações paraguaias. A Batalha Naval do Riachuelo é considerada o maior feito bélico da Marinha Brasileira, pois garantiu a liberdade de navegação na Bacia do Paraguai, o que levou à vitória definitiva das nações aliadas, como informa a Agência Marinha de Notícias.
A Marinha e a Revolta da Armada (1893-1894)
A Revolta da Armada foi um conflito interno no Brasil que envolveu a Marinha, que se rebelou contra o governo republicano. A Marinha controlou o porto do Rio de Janeiro e bombardeou a cidade, causando grande destruição.
A Revolta da Armada foi um importante evento histórico ocorrido no Brasil entre 1893 e 1894, durante a presidência de Floriano Peixoto. Nessa revolta, a esquadra brasileira, liderada pelo contra-almirante Custódio José de Mello, se opôs ao governo por meio do uso das armas, chegando a ameaçar bombardear a capital da República, recém-inaugurada na época.
Tendo obtido um impacto significativo na história do Brasil, a Revolta evidenciou a disputa política específica entre o governo de Floriano Peixoto e a esquadra rebelde. O conflito não destacou necessariamente a importância da Marinha como um ator político e militar relevante de maneira geral, mas sim dentro do contexto dessa revolta específica.
A Revolta foi uma tentativa de um grupo dentro da Marinha de contestar o governo vigente na época. O impacto do evento foi mais relacionado ao fortalecimento do governo de Floriano Peixoto do que à posição geral da Marinha no país. Fonte: Arquivo Nacional
A Marinha e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
A Marinha do Brasil participou da Primeira Guerra Mundial ao lado dos Aliados, enviando navios de guerra para patrulhar o Atlântico Sul e proteger os comboios de suprimentos que partiam da América do Sul em direção à Europa.
Apesar de ter sido um conflito principalmente europeu, a guerra teve repercussões globais devido à natureza das operações marítimas e ao comércio internacional. O Brasil, como um país exportador de matérias-primas e produtos agrícolas, era um importante fornecedor para os países aliados, principalmente para a Grã-Bretanha.
Com isso em mente, a Marinha do Brasil envia navios de guerra para patrulhar o Atlântico Sul e proteger as rotas marítimas utilizadas pelos comboios de suprimentos. Os navios brasileiros patrulhavam as áreas costeiras e realizavam missões de escolta, garantindo a segurança dos navios mercantes que transportavam suprimentos resistiam, como alimentos, munições e outros materiais, para os países aliados. Fonte: Marinha
A Marinha e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Não poderia ficar de fora a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando a Marinha do Brasil também teve uma participação significativa. O Brasil se juntou aos Aliados em 1942 e enviou uma força expedicionária para lutar na Campanha da Itália. A Marinha contribuiu com navios de guerra, como o cruzador Bahia e os contratorpedeiros Marcílio Dias e Greenhalgh, para a proteção de comboios e missões de patrulha.
A atuação da Marinha em proteger as rotas marítimas e contribuir com tropas e navios para a Campanha da Itália fortaleceu as relações do Brasil com os demais países aliados e reforçou o papel do país no cenário internacional.
É importante mencionar que a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial não se limita apenas à Marinha. O país também enviou uma Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutar ao lado dos Aliados na Europa, principalmente na Itália. Essa força expedicionária era composta por tropas do Exército Brasileiro e teve um papel destacado nas operações militares da campanha italiana.
Fonte: Livro Introdução à História Marítima Brasileira – a partir da página 141
A Marinha e a Guerra das Malvinas (1982)
A Guerra das Malvinas/Falklands foi um conflito armado entre Argentina e Grã-Bretanha, ocorrido nas Ilhas Malvinas (Falklands para os britânicos), Geórgia do Sul e Sandwich do Sul, entre abril e junho de 1982, pela soberania sobre estes arquipélagos reivindicados em 1833 e dominados a partir de então pelos britânicos.
A Marinha do Brasil não participou diretamente da Guerra das Malvinas, mas ofereceu apoio logístico e de inteligência aos britânicos durante o conflito. O governo brasileiro, na época, forneceu assistência aos britânicos permitindo que as aeronaves britânicas reabastecessem no território brasileiro durante suas operações nas Ilhas Malvinas. Além disso, informações de inteligência foram compartilhadas entre Brasil e Reino Unido, auxiliando os britânicos na condução de suas operações militares.
Entretanto, a revista Exame divulga que de acordo com um relatório da Junta Militar, “o Brasil ajudou os argentinos, com inteligência e armas, mas procurou manter um bom relacionamento com o Reino Unido”.
Fonte: Exame
Hoje em dia, a Marinha do Brasil continua a desempenhar um papel crucial na segurança e defesa do país. Participa de missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) e de operações de combate ao tráfico de drogas e de proteção às águas territoriais brasileiras. A Marinha também desempenha um papel fundamental na garantia da soberania nacional na região amazônica (na medida de suas possibilidades), onde realiza patrulhas fluviais e monitora a navegação nos rios da Amazônia.