Em entrevista publicada nesta manhã de domingo ao jornalista Josias de Sousa, do UOL, o Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro falou sobre a questão militar, tema espinhoso que transbordou os quatro anos do governo de Jair Bolsonaro e dá mostras de ser elemento complicador do atual governo do Presidente Lula.
Questionado sobre a responsabilização dos militares envolvidos com a manutenção dos acampamentos golpistas, que desandaram no vandalismo do 8 de janeiro, o Ministro disse estar ansioso para que a Polícia Federal possa finalmente identificar os responsáveis, e possa também separar o joio do trigo – “inocentes dos suspeitos”. “Porque”, segundo ele, “isso vai contaminando, isso vai desmotivando [os militares]”.
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Clique aqui para entrarJosé Múcio também disse que havia “um plano” para que militares da reserva se apossassem de cargos governamentais. “Eu imagino que houvesse um plano”, pois segundo ele, “[o militar] ia para reserva e [virava] diretor disso”, “vai para reserva é presidente disso”. Arremata: “havia um sentimento de contaminação, uma mistura de militar com a política”.
Na visão do Ministro e pelo que ele afirmou na entrevista, ela coincide com a visão do alto comando das Forças Armadas, a solução para essa “contaminação militar da política” é uma Proposta de Emenda Constitucional que deve ser enviada para a tramitação legislativa prevista já na próxima semana.
De acordo com a proposição elaborada pelo Ministério da Defesa, doravante os militares que se candidatarem a cargos políticos e que tenham 35 anos ou mais de carreira seguirão automaticamente para a reserva remunerada. Assim é atualmente com os militares que são efetivamente eleitos e assumem cargo político. A novidade da PEC é que, caso o militar da ativa (com menos de 35 anos de serviço) queira disputar algum cargo eletivo, terá de deixar a Força Armada a que serve, mesmo que seja derrotado na eleição.
O Ministro justifica o teor da PEC por uma suposta desmotivação com a vida militar, que se abateria sobre o candidato derrotado, e que “ele volta com proselitismo político pensando numa próxima campanha”. Menciona também a “questão da hierarquia e da disciplina”, que esses institutos restariam “completamente mutilados”.