Hélio Fernando Barbosa Lopes, também conhecido como Hélio Negão ou Hélio Bolsonaro, é um subtenente da reserva do Exército Brasileiro e político filiado ao Partido Liberal (PL). Concorreu nas eleições de 2018 ao mandato de deputado federal, sendo o candidato mais votado no estado do Rio de Janeiro.
Em 2018 candidatou-se pelo PSL ao cargo de deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro, tendo recebido apoio diretamente de seu amigo e então candidato à Presidência da República pelo mesmo partido, Jair Bolsonaro, que doou 45 mil reais à sua campanha.
É interessante relembrar que por ocasião de sua reeleição em 2022, o deputado foi bastante votado, mas teve sensível redução no número de votos. É possível que os 200.000 votos a menos em relação ao primeiro mandato tenham se devido à proibição da Justiça Eleitoral de que candidatos usassem o nome do ex-presidente.
Helio se notabilizou por suas declarações contra quem acusava Jair Bolsonaro de racista, já que Lopes, que sempre é tido como “amigo” de Bolsonaro é negro. Em recente decisão, Hélio Lopes perdeu ação contra homem que o chamou de “capitão do mato”.
Capitão do mato é uma figura identificada como quem oprimia e exercia extrema violência contra outros negros — assim era conhecido o capitão do mato, à época da escravatura.
O “SUS NEGRO”
Atualmente os políticos do lado direito do espectro político, autodenominados “conservadores”, têm sido acusados de usar o parlamento brasileiro como palco de atuação teatral, contribuindo pouco ou quase nada para o debate de ideias ou implementação de políticas públicas.
No dia 15 de setembro último, houve uma audiência conjunta das comissões de Saúde e de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, com a ministra da Saúde Nísia Trindade.

Hélio Lopes questionou Nísia Trindade sobre a homologação da Resolução nº 715, que segundo ele é a resolução da “destruição da família” e focou a discussão no que ele chamou de “SUS negro”, que de acordo com ele, seria uma “pauta ideológica inserida na saúde”.
O deputado se referia a uma publicação de 46 páginas do Ministério da Saúde, de 2017., chamada de “Política Nacional de Saúde Integral da População Negra”. Esse documento cita, entre outras coisas, tipos de doenças genéticas ou hereditárias que acometem mais comumente a população negra.
- Doenças como a Anemia falciforme, doença hereditária, decorrente de uma mutação genética ocorrida há milhares de anos, no continente africano. A doença, que chegou ao Brasil pelo tráfico de escravos, e pode ser encontrada em frequências que variam de 2% a 6% na população brasileira em geral, e de 6% a 10% na população negra.
- Doenças como o Diabetes mellitus (tipo II), que é a quarta causa de morte e a principal causa de cegueira adquirida no Brasil. Essa doença atinge com mais frequência os homens negros (9% a mais que os homens brancos) e as mulheres negras (em torno de 50% a mais do que as mulheres brancas).
A ministra da Saúde disse que a população negra é a que mais sofre com discriminação em serviços de saúde, e se disse “surpresa” com a consideração do deputado Helio “Negão”.
Texto de JB Reis