Avanço tecnológico e a busca por inovação no cenário aeroespacial brasileiro ganham novo impulso com a recente aprovação para a criação do Campus Fortaleza do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O comandante do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), tenente-brigadeiro do Ar Maurício Augusto Silveira de Medeiros, reforça a necessidade de expandir o alcance do ITA, afirmando que “o Brasil é grande demais para termos somente um campus do ITA.”
Essa visão estratégica, compartilhada durante uma apresentação em São José dos Campos-SP, ressoa com o histórico ousado do engenheiro aeronáutico Ozires Silva, fundador da Embraer, que proclamou: “O Brasil é grande demais para sonharmos pequeno.” Não é por acaso que o país, atualmente, abriga a terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, a Embraer, cujas raízes podem ser rastreadas até a implantação do ITA.
O embrião da indústria aeronáutica brasileira foi concebido na década de 40 pelo cearense coronel aviador Casimiro Montenegro Filho. Esse visionário brasileiro buscou no Massachusetts Instituteof Technology (MIT), nos EUA, a expertise necessária para fundar o ITA no Brasil, uma escola de engenharia aeronáutica. A ousadia e o comprometimento resultaram não apenas no estabelecimento do ITA, mas também no desenvolvimento do primeiro avião brasileiro, o Bandeirante, e em um vasto complexo aeroespacial.
O comandante Medeiros destaca a importância de não subestimar os sonhos audaciosos, lembrando que, na época do coronel Casimiro, o Brasil “não produzia nada, além de montar bicicletas.” Esse histórico inspirador serve como pano de fundo para a proposta de expansão do ITA, agora com o novo Campus Fortaleza.
O Campus Fortaleza, denominado “ITA Campus-FZ,” está programado para iniciar suas atividades na Base Aérea de Fortaleza a partir de 2024. A viabilidade desse projeto foi detalhada em uma apresentação recente, que destacou a integração e uniformidade na qualidade de ensino entre os campi de São José dos Campos e Fortaleza. O modelo proposto assegura que o diploma do ITA, independentemente do campus, terá a mesma autoridade e excelência reconhecida internacionalmente.
A oferta de 50 vagas adicionais já a partir de 2024 reflete o compromisso com o fortalecimento do ensino aeroespacial. Essas vagas se somarão às 150 já existentes em São José dos Campos, marcando o início de um ciclo fundamental de dois anos em ciências básicas para os futuros engenheiros.
O ano de 2027 marcará um novo capítulo na história do ITA, com a chegada dos primeiros 50 alunos do Campus-FZ para iniciar dois cursos inéditos:
- 25 vagas para Engenharia de Energias, voltada para Energias Renováveis.
- 25 vagas para Engenharia de Sistemas, voltada para Tecnologia da Informação.
O comandante Medeiros destaca que o compromisso com a qualidade se estende à pós-graduação, mestrado e doutorado, visando atrair recursos de empresas e garantir a sustentabilidade financeira do projeto. A previsão é iniciar programas de pós-graduação já em 2028.
O destaque do evento foi a revelação de um terceiro curso, previsto para iniciar em 2030: Bioengenharia. O tenente-brigadeiro Medeiros enfatiza a importância estratégica desse curso, dada a dependência do Brasil em relação à importação de meios diagnósticos. A pandemiaevidenciou essa vulnerabilidade, e a inclusão da Bioengenharia no currículo do ITA busca endereçar essa demanda, oferecendo conhecimento especializado para impulsionar a autonomia do país nesse setor.
Ao final de 2029, a primeira turma de engenheiros formados pelo Campus-FZ estará pronta para contribuir não apenas com o Ceará e o Nordeste, mas com todo o Brasil, proporcionando conhecimento de excelência. O sonho do Campus Fortaleza do ITA sinaliza não apenas uma expansão geográfica, mas uma contribuição significativa para o desenvolvimento tecnológico e aeroespacial do país, reforçando o compromisso de sonhar grande para construir um futuro promissor.