Os capelães militares desempenham um papel crucial nas Forças Armadas, oferecendo assistência religiosa a militares e seus familiares, tanto em tempos de paz quanto em momentos de conflito. Eles são investidos com patentes de oficiais e, devido à natureza confidencial de seu trabalho, tornam-se depositários dos segredos mais íntimos dos militares. A confiança é, portanto, um pilar fundamental na relação entre militares e capelães, e qualquer quebra dessa confiança pode ter repercussões graves, comprometendo a assistência religiosa nas Forças Armadas.
Recentemente, um incidente envolvendo um capelão do Exército Brasileiro, que também é primeiro-tenente, trouxe à tona questões sobre a integridade e a confiança nos capelães militares.
Notícia em O Globo diz: “O capelão do Exército Brasileiro José J. F. A. foi preso por importunação sexual contra uma fiel, em Campo Grande. A prisão ocorreu após a vítima realizar denúncia na Delegacia de Atendimento Especializado às Mulheres (Deam). A defesa do acusado nega o crime”. Segundo o jornal: “a vítima relatou conhecer o suspeito da missa. Segundo a mulher, o “religioso gostava de dançar” e em um desses momentos acabou sendo “abusada e ameaçada pelo padre com uma arma”
O referido capelão foi remanejado de suas funções após as denúncias de importunação sexual e ameaça. Enquanto as investigações não são concluídas, o capelão foi designado para o setor administrativo e está proibido de celebrar missas.
Segundo militares ouvidos pela Revista Sociedade Militar, o caso ressalta a importância da confiança mútua entre os militares e seus capelães.
“A quebra de confiança não só prejudica o soldado/fiel envolvido, mas também pode ter um impacto duradouro na percepção e na relação de toda a tropa com os capelães, que são padres e pastores, pondo em risco a assistência religiosa nas Forças Armadas. A confiança é essencial para que todos militares se sintam seguros ao compartilhar seus pensamentos, preocupações e segredos mais íntimos com os capelães, buscando orientação e apoio espiritual.”, diz o sargento Silva, já na reserva
O Ordinariado Militar do Brasil, em Brasília, está acompanhando de perto o caso, através do departamento jurídico, para assegurar que todas as medidas procedentes do Código de Direito Canônico sejam aplicadas. A instituição expressou repulsa por qualquer conduta de clérigos que seja incompatível com a disciplina Canônica, a disciplina Militar e o ordenamento jurídico do Estado Brasileiro.
É imperativo que os capelães militares mantenham um alto padrão de conduta e integridade, respeitando os princípios éticos e morais, para preservar a confiança depositada neles pelos militares e seus familiares. A assistência religiosa é um componente vital para o bem-estar espiritual e mental dos militares, e qualquer comprometimento dessa assistência pode ter consequências profundas.