Na segunda-feira, dia 23, o Rio de Janeiro viu-se imerso em um caos generalizado. Dezenas de ônibus foram incendiadas, o BRT e um trem da Supervia foram alvos de ataques violentos. Essa onda de violência ocorreu na morte de Matheus da Silva Resende, de 24 anos, vice-líder de uma quadrilha, que faleceu horas antes durante um confronto com policiais civis em uma favela de Santa Cruz, bairro da zona oeste da cidade. Contudo, essa tragédia não se limitou apenas aos eventos locais, pois desencadeou uma discussão feroz entre políticos de alto escalonamento.
O ex-vice-presidente da República e hoje senador, o general Hamilton Mourão, aproveitou a oportunidade e lançou uma pergunta no ar sugerindo que o PT é conivente com o terrorismo no Rio de Janeiro, após os ataques de milicianos na segunda-feira. Em uma postagem no X (antigo Twitter), Mourão disse que o PT “vai passar pano nisso?”, em referência aos ataques. O PT, por sua vez, rebateu as acusações de Mourão em nota oficial divulgada pelo partido, e disse que são os bolsonaristas que promovem o caos no Rio.
Na nota o partido afirmou que os ataques ocorridos no 23 de outubro são obra da milícia, que tem “claros vínculos com a família Bolsonaro”, assim chamando bolsonaristas de terroristas.
Mourão provoca o PT
O general Hamilton Mourão, ex-vice-presidente da República e atual senador, não perdeu tempo em expressar sua opinião sobre o assunto. Utilizando sua conta no antigo Twitter, ele fez uma cobrança pública ao Partido dos Trabalhadores (PT). Em suas palavras, Mourão escreveu: “O Hamas brasileiro em ação no RJ, aterrorizando a população de bem. Será que o governo do PT também vai passar pano nisso???”
PT responde e acusa Mourão
O PT, por sua vez, não ficou em silêncio diante da provocação do general. Em uma nota publicada em seu site oficial, o partido rebateu as acusações de Mourão, lançando uma contra-afirmação igualmente incisiva. Na perspectiva do PT, os responsáveis pelos ataques eram, na verdade, bolsonaristas e que Mourão é cúmplice do caos, por isso, eram eles os verdadeiros promotores do terrorismo no Rio de Janeiro. O PT também lembrou que foram os filhos de Bolsonaro que homenagearam e empregaram milicianos.
O partido destaca vários pontos para justificar essa acusação:
- Vínculos entre as milícias e a família Bolsonaro : O PT aponta que as milícias, responsáveis pelos ataques, têm conexões evidentes com a família do presidente Jair Bolsonaro. Essas obrigações foram reforçadas pelo emprego de pessoas associadas aos milicianos no gabinete do filho de Bolsonaro, Flávio Bolsonaro.
- Homenagens e condecorações : A família Bolsonaro teria homenageado e condecorado milicianos em diferentes agradecimentos. Um exemplo relatado é a esposa de Adriano da Nóbrega, chefe do chamado “Escritório do Crime” e suspeita de envolvimento em uma chacina de cinco jovens.
- Facilitação de acesso a armas de fogo : O governo Bolsonaro, do qual Mourão fez parte, é acusado de facilitar o acesso a armas de fogo, que, segundo o PT, acabou nas mãos de milicianos e do crime organizado de maneira geral.
- Crescimento das milícias durante o governo Bolsonaro : O PT argumenta que as milícias no Rio de Janeiro ganharam força e poder durante o governo Bolsonaro, bem como durante a intervenção federal no Rio em 2018, comandada pelo general Braga Netto, que é candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.
Gleisi chama Mourão de cara de pau
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também se manifestou sobre o assunto, criticando Mourão. Ela disse que o bolsonarismo é responsável pelo terrorismo no Rio e que Mourão é cara de pau por querer anistiar os golpistas do 8 de janeiro.
“É muita cara de pau. Afinal, como general e membro do governo Bolsonaro, Mourão sabe muito bem que:
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os ataques recentes no Rio são obra da milícia que domina grande parte da cidade e tem claros vínculos com a família Bolsonaro;
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foram os filhos de Jair Bolsonaro que por diversas vezes homenagearam e até empregaram pessoas ligadas a essas milícias;
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foi o governo Bolsonaro, do qual Mourão fazia parte, que facilitou o acesso a armas de fogo, que acabaram nas mãos de milicianos e do crime organizado de maneira geral;
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as milícias cariocas cresceram em força, poder e armas durante o governo Bolsonaro e também durante a intervenção federal no Rio, em 2018, comandada pelo general Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022.
“Milícias foram fortalecidas por Bolsonaro e seus comparsas”
Gleisi Hoffmann disse que o que o Rio está vivendo é responsabilidade das milícias, fortalecidas por gente como Bolsonaro e seus comparsas.
“Não é de hoje. Pregaram o ódio, homenagearam bandidos, liberaram armas a esmo, que foram parar nas mãos do crime organizado, estiveram envolvidos na tentativa de golpe, que culminou no 8 de janeiro”, apontou.
A troca de acusações entre Mourão e o PT é mais um capítulo da disputa política entre os dois lados. O ex-vice-presidente é um dos principais opositores do PT e já fez diversas críticas ao partido. O PT, por sua vez, acusa o governo Bolsonaro de ser conivente com o crime organizado.
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