Diante de uma intensificação nas hostilidades envolvendo Hamas, Israel, Irã, Hezbollah e milícias Houthis do Iêmen, a resposta dos Estados Unidos no Oriente Médio, uma região já historicamente tumultuada, provavelmente seria ainda mais robusta e decisiva.
Os recentes ataques das milícias Houthis ao sul de Israel com mísseis balísticos e drones, ainda que tenham sido interceptados pelo sistema de defesa israelense, seriam um motivo de grande preocupação para Washington. Esse novo vetor de ameaça poderia sugerir uma coordenação mais estreita entre os grupos apoiados pelo Irã e marcaria uma escalada significativa no conflito.
A atuação militar dos Estados Unidos nesse cenário se daria predominantemente por meio de sua presença naval. Os porta-aviões posicionados na costa israelense serviriam como plataformas estratégicas para operações anfíbias e de apoio aéreo. Além disso, o posto de observação na península do Sinai seria crucial para monitorar movimentações e fornecer dados em tempo real. As bases americanas localizadas na Jordânia, Iraque e Síria, por sua vez, desempenhariam um papel vital tanto para operações de suporte quanto para defesa, dada a proximidade geográfica dos principais pontos de conflito.
Além disso, a possibilidade emergente do Irã produzir uma bomba atômica representa um risco significativo para a estabilidade do Oriente Médio e, por extensão, para a segurança global. Tal capacidade nuclear não apenas alteraria o equilíbrio de poder na região, como também poderia desencadear uma corrida armamentista. O histórico do Irã de apoio a grupos militantes (como os já mencionados) e sua postura frequentemente antagonista em relação a algumas potências ocidentais eleva as preocupações sobre como e contra quem tais armas poderiam ser usadas.
Com o Irã realizando ataques diretos a bases americanas no Iraque e na Síria, a postura dos EUA em relação a Teerã se tornaria ainda mais rígida. Tais ações diretas contra os interesses americanos não apenas reforçariam as sanções já existentes contra o Irã, mas também poderiam levar os EUA a considerar respostas militares diretas para deter futuras agressões.
O norte de Israel, enfrentando ataques do Hezbollah a partir do sul do Líbano, adicionaria outra camada de complexidade. Washington intensificaria seu apoio a Israel, talvez por meio de fornecimento adicional de equipamentos de defesa, recursos de apoio aéreo e apoio diplomático em fóruns internacionais.
A propósito, a dimensão diplomática se tornaria cada vez mais proeminente. Dentro dos Estados Unidos e na Europa, houve um crescimento do movimento clamando por um cessar-fogo imediato. A opinião pública, em grande parte influenciada pelas imagens e relatos vindos da Faixa de Gaza e Cisjordânia, tem pressionado pelo fim imediato dos bombardeios de Israel em Gaza. A proximidade das eleições presidenciais americanas adiciona outra camada de complexidade à resposta de Washington. O presidente Joe Biden, ao equilibrar os interesses estratégicos dos EUA e a pressão interna por uma ação diplomática mais assertiva, encontraria-se em uma posição delicada.
Certamente, a crescente complexidade e intensidade do conflito exigiriam dos EUA uma resposta multifacetada, combinando uma forte pressão diplomática, apoio militar a Israel e uma postura defensiva mais robusta. A situação também colocaria à prova a capacidade de liderança do presidente Biden, que teria que equilibrar a política externa com as demandas internas em um período pré-eleitoral.
Antônio Caiado é brasileiro e atua nas forças armadas dos Estados Unidos desde 2009. Atualmente, serve no 136ª maneuver enhancement brigade (MEB) senior advisor, analisando informações para proteger tropas americanas em solo estrangeiro.