Na sessão da CPI dos Atos Antidemocráticos, realizada na Câmara Legislativa do Distrito Federal, a deputada Paula Belmonte (Cidadania) se indignou com a tentativa de retirar o nome do general Gonçalves Dias (foto) da lista de indiciados. Ela argumentou que isso seria uma “grande manobra”, conforme informado pelo site Metrópoles, para proteger o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula.
Belmonte chegou a sair do seu lugar no plenário para ficar ao lado do relator Hermeto (MDB), que tentava ler o relatório, e pedir uma questão de ordem. Para ela, a presidência da CPI está tentando “desmoralizar” a CPI e “implodi-la”, tentando livrar o governo Lula de qualquer responsabilidade e culpar o governo do Distrito Federal pelos atos ocorridos no 8 de Janeiro em Brasília.
A grande questão da discussão é o entendimento do relatório como uma “proposição”.
A presidência da CPI diz que o regimento interno da Câmara Legislativa prevê a legalidade de um dispositivo de emenda ao texto, que poderia retirar o nome do General Dias (ou seja, retirar o nome do general Gonçalves Dias da lista de indiciados da CPI dos Atos Antidemocráticos).
Paula Belmonte diz que o documento apresentado pelo relator não se trata de uma proposição legislativa e, portanto, não aceitaria emendas.
Em sua conta no X, antigo Twitter, a deputada publicou o vídeo de seu discurso contra a tentativa de isentar o governo federal de culpa pelos atos do 8 de janeiro por meio da mudança de interpretação do caso: “Se quer tirar o G. Dias, apresente outro relatório sem o G. Dias.”
“Isentar o governo federal e colocar a responsabilidade no nosso governo, aqui, do Distrito federal, é um absurdo! O mecanismo tá tratorando, tá eliminando o sonho de muitas mulheres como eu, que querem mudar esse Brasil, e que entraram para a política ou foram, sim, se manifestar na frente do Congresso Nacional. É isso: o mecanismo do senhor, ex-condenado, Lula, entrou aqui nessa CPI.
E está violando o Regimento Interno, porque não tem base jurídica o que está sendo feito aqui. Não existe possibilidade de nós mudarmos a interpretação do que é proposição e o que é relatório. É uma forçação de barra, e é muito triste de ver a Casa Legislativa, que é a representação da população, se curvando a isso, e tudo combinado. Isentar o governo federal e colocar a responsabilidade no nosso governo, aqui, do Distrito Federal é um absurdo.
É um absurdo o que está sendo feito aqui. Se quer tirar o G. Dias, apresente outro relatório sem o G. Dias. Esse relatório não vai matar um movimento, que é um movimento legítimo, é um movimento que defende a democracia, é um movimento que defende o verde e amarelo, é um movimento que defende mãe, pai, que quer esse Brasil mais próspero, mais justo, com oportunidades para as nossas crianças.”
Na legenda do vídeo publicado pela deputada Paula Belmonte, encontra-se ainda as seguintes palavras:
“O relatório da #CPIdo8Janeiro não representa os brasileiros! Continuaremos lutando por democracia e por um país melhor”