Em um artigo publicado no dia 31 de dezembro, o colunista do portal Defesa Aérea e Naval, Luiz Padilha, publicou em sua coluna um texto de Matheus Gouvea de Andrade em que aborda um assunto pouco explorado: a hipótese de que o Brasil pode ser impactado de duas maneiras significativas pelo aumento global dos gastos militares.
Primeiro, há uma pressão crescente para que o Brasil aumente seus próprios gastos com defesa, impulsionada por conflitos e tensões geopolíticas globais, como a guerra na Ucrânia e as crescentes tensões no Indo-Pacífico.
Segundo, o aumento dos gastos militares em todo o mundo pode abrir novas oportunidades para o Brasil exportar itens de defesa, beneficiando empresas brasileiras como a Embraer, que já vem vendendo sua aeronave KC-390 para países da Otan e de outros continentes. Este cenário apresenta desafios e oportunidades para o Brasil no ambiente de defesa global.
Aumento dos gastos militares brasileiros
Segundo Matheus Gouvea, o aumento dos gastos militares no mundo pode pressionar o Brasil a aumentar seus próprios gastos com defesa. Isso ocorre porque o país é um país continental com fronteiras com países que também estão aumentando seus gastos militares, como Venezuela e Guiana. Além disso, o Brasil não participa de grandes alianças militares, como a Otan, o que significa que precisa ter uma capacidade de defesa autônoma.
O autor lembra que, no momento, o Brasil gasta 1,2% do PIB com defesa, uma parcela abaixo da média global de 2,2%. Se o país decidisse aumentar seus gastos militares para 2% do PIB, isso representaria um aumento de R$ 100 bilhões no orçamento da defesa.
Oportunidades de exportação de produtos e serviços militares
Ainda segundo Gouvea, o aumento dos gastos militares no mundo também pode gerar oportunidades para o Brasil exportar produtos e serviços militares. Isso ocorre porque o país tem uma indústria de defesa desenvolvida, com empresas como a Embraer, que já exportam para vários países.
A guerra na Ucrânia, por exemplo, levou à alta da demanda por aeronaves de transporte militar, como o KC-390, produzido pela Embraer. A aeronave já foi vendida para países como Portugal, Áustria, Holanda, Hungria e República Tcheca, que são integrantes da Otan.
Como se vê, o aumento das exportações de produtos e serviços militares pode ser benéfico para o Brasil, podendo gerar empregos e renda no setor de defesa. Além disso, poderia ajudar a fortalecer a indústria de defesa brasileira, tornando o país mais competitivo no mercado internacional.