Desde a posse de Lula e sobretudo após os ataques de 8 de janeiro em Brasília, onde uma multidão extremista pró-Bolsonaro vandalizou e depredou patrimônios públicos nas sedes dos Três Poderes, a relação entre o Executivo Federal e os militares se estremeceu severamente.
Posteriormente ao evento, uma crise de confiança se estabeleceu, marcada por investigações sobre a participação (ou grau de omissão) de figuras militares nos atos, considerados golpistas. Além disso, a constante troca nos comandos do Exército e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) também agravou essa desconfiança.
O Gabinete de Segurança Institucional é o órgão do governo brasileiro responsável pela assistência direta ao presidente em assuntos militares e segurança.
Número de exonerações chama atenção
O número de exonerações, 362 no total, foi surpreendentemente expressivo para o período, mais de 10 por semana. No entanto, foram as mudanças do alto comando que causaram maior repercussão. As principais foram do Coronel Carlos Onofre Serejo Luz Sobrinho, então Coordenador Geral do GSI, do Tenente-coronel André Luis Cruz Correia, Assessor Militar e do General Gonçalves Dias, Chefe do GSI, cargo mais alto da instituição.
Entre os militares exonerados, quatro são oficiais-generais, dois deles oriundos da força terrestre, outros onze são oficiais superiores, sendo um deles major da Polícia Militar do Distrito Federal e outros três coronéis reservistas do Exército.
Exoneração é como se chama o desligamento de uma função ou cargo público, de forma voluntária ou por recomendação da autoridade. Ao contrário do que pode parecer, a exoneração nem sempre tem ligação com alguma punição específica.