Em uma entrevista recente dada ao Globo que agitou as fileiras militares e políticas do Brasil, o Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, expressou sua opinião controversa sobre a participação dos militares na política e em cargos comissionados no executivo.
Defendendo a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita a candidatura de militares a cargos eletivos, Damasceno argumenta que é a favor que militares com menos de 35 anos de serviço devem ser afastados, sem remuneração, caso entrem na corrida eleitoral.
Por outro lado, o brigadeiro vê com bons olhos a inclusão de militares, quase sempre generais, em cargos comissionados, citando a formação e competência dos militares como ativos valiosos para o executivo, sem passarem pela reserva.
Esta posição gerou críticas entre militares ativos e aposentados, um suboficial ouvido pela Revista Sociedade Militar, que prefere permanecer em anonimato, afirma que os oficiais generais já fazem política desde as primeiras promoções e manipulam seu status para atrair maior poder político sem a necessidade de candidaturas.
A crítica vai além, apontando que os verdadeiros responsáveis pela “politização” das Forças Armadas seriam os oficiais de alta patente em cargos comissionados, e não os militares de baixa patente que buscam eleição para promover mudanças legislativas.
O suboficial afirmou: “Esses oficiais, que detém cargos políticos, fazem política desde a primeira promoção ao generalato e depois disso são inúmeras as formas usadas para atrair para si maior status político: distribuição de condecorações que abrilhantam a carreira de políticos, convites para eventos, favores para conhecidos etc.
“O general Villas Bôas em sua entrevista para o antropólogo Celso Castro chegou a listar as ações para aproximação de políticos feitas pelos oficiais das Forças Armadas. Esses generais não precisam se candidatar, eles têm tudo que desejam e não tem pretensão de modificar planos de carreira e regras salariais como porventura pode ter um jovem sargento que quer se candidatar para deputado federal.”
“Aliás, só lembrando, quem causou a confusão política dos últimos anos enfiando as forças armadas no rolo não foram militares de baixas graduações que se candidataram, foram oficiais generais ou superiores em cargos comissionados. Quero que aponte um militar de baixa patente, eleito ou não eleito, que possa ser apontado como alguém que “politizou” as Forças Armadas”
A crítica se estende à forma como os generais se posicionam em relação à PEC, segundo o suboficial, os generais manipularam a proposta legislativa para excluir-se de suas restrições, ao mesmo tempo em que impõem limitações aos militares de patentes inferiores. Essa estratégia, segundo ele, faz com que os políticos, desinformados sobre a realidade da caserna, sejam feitos de bobos.
“Generais – políticos não jogam pra perder, ao invés de bater de frente com a proposta dos senadores, eles a “aperfeiçoaram”, apertando o cinto da tropa, ficando de fora e fazendo de bobos os políticos, que nada entendem de caserna”, completa o suboficial ouvido.
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