Carlos Madeiro, colunista do UOL, expõe em seu texto recente a crescente onda de críticas aos militares, especialmente aos generais, originadas agora da direita, que cunhou um novo epíteto: “melancias”. Esta alcunha, atribuída aos militares, ressalta a cor verde da farda em contraste com uma suposta inclinação “vermelha” por dentro, numa referência ao comunismo e ao PT.
Desde a posse de Lula, em 1º de janeiro de 2023, os militares, antes aliados da direita, se tornaram alvo de críticas por parte de seus antigos apoiadores. Entretanto, para o professor de História da UFRJ, Carlos Fico, essa dinâmica não é uma surpresa histórica. Ele aponta que as divisões dentro das Forças Armadas sempre estiveram presentes, com uma predominância de posicionamentos conservadores. A novidade mesmo é a direção das críticas, agora vindas da direita — ou extrema-direita, como prefere o professor.
“Agora se assumem orgulhosamente. E eles viram suas esperanças de intervenção militar frustradas. Por isso, passaram a criticar o Exército — ou pelo menos alguns oficiais-generais que não apoiaram uma intervenção militar“, explica Carlos Fico.
Fico ressalta que, historicamente, as críticas aos militares foram mais comumente articuladas pela esquerda. No entanto, a atuação explícita da extrema direita, até então velada, marca uma mudança significativa no cenário político brasileiro.
“No Brasil, esse posicionamento permaneceu oculto por muito tempo, inclusive sem partido específico que a representasse“, diz o professor.
Críticas nas redes sociais
Nas redes sociais, o racha se tornou explícito. Em 16 de março, no X (ex-Twitter), os termos “covarde” e “traidor” foram direcionados aos militares nos comentários de uma publicação do Exército Brasileiro. A expressão “mito”, referência a Jair Bolsonaro, também apareceu com frequência.
“Esses são a RALÉ do Exército Brasileiro!! E + três do “ meio” Traidores do Brasil!!“, escreveu uma internauta em uma publicação do Exército.
Operações e críticas
Mesmo em momentos de ações como as Operações CATRIMANI, ACRE, AMANACI, RORAIMA e ÁGATA, que visam a segurança na Amazônia, o Exército não escapou das críticas. Em 18 de março, em uma publicação sobre essas operações, internautas acusaram a instituição de “traição” por não intervir na posse de Lula.
Fonte: UOL